sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Os Homens que Amei

Hoje uma amiga telefonou-me. Chorava… 

Está perdida. A vida não a levou ao lugar onde ela se imaginava a viver com o amor que conheceu há alguns anos. 

Deixou para trás tudo o que sentia que tinha construído e uniu-se a este homem na expectativa de uma vida e uma família partilhadas. 

A vida e a família chegaram mas trouxeram também outros desafios. Desafios que a fazem sentir que perdeu a liberdade de ser como era, quem era, de fazer o que lhe dava mais prazer, de trabalhar naquilo de que gostava. Tudo pelo amor… dizia ela. 

Falava comigo desde aquele lugar em que não conseguimos ver alternativas. Desde aquele lugar em que nos sentimos sozinhas e desamparadas. Desde onde só esperamos que alguém nos dê a mão, normalmente esperamos que seja esse homem a quem nos unimos que nos levante e dê força. 

Mas, nesse momento de desânimo, não sentimos que ele esteja lá para nós. E possivelmente essa não é a função dele na nossa vida. 

Há companheiros(as) – homens, mulheres – que entram na nossa vida para nos libertarem… Nos libertarem das nossas próprias prisões internas, das nossas dependências emocionais, e que vêm para nos mostrar lados nossos que ainda não conhecemos. 

Imagem de: www.sobrerelacionamento.com

As relações mostram-nos muitas vezes o que sozinhas não conseguimos ver. 

A primeira tendência pode ser culparmos o outro pelo que decidimos fazer, pela forma como estamos a escolher lidar com os sentimentos que nos provoca ou pela sensação de que arriscamos tudo para nos podermos entregar em pleno a uma relação que chegou ao seu ponto de rutura. 

O outro não é responsável pelas nossas escolhas… Pode custar admitir isso mas a verdade é que somos livres para escolher e decidir o que queremos viver. O outro também não é o culpado pelos desafios que a vida nos entrega, porque se os estamos a viver é porque algo sobre nós precisamos de aprender (trazer à luz, cuidar, transmutar). 

Nem todos viemos viver um amor daqueles “e viveram felizes para sempre” tão prometidos nos contos da Disney. Viemos viver o(s) amor(es) que precisamos viver até que consigamos viver o amor que nos prepara para a verdadeira entrega: o amor-próprio. 

Algumas relações lançam-nos esse convite, conhece-te na sombra que te é mostrada pelo outro e ama-te como és, ama todas as partes do teu ser, integra cada pedaço de ti num ser humano completo. Gera esse amor dentro de ti para que nunca mais sintas que precisas de um amor externo para te sentires completa e de bem com a vida. 

Ama desde um lugar de abundância que cresce no teu coração, cuida-te e mima-te. Dá-te alegrias e faz mais daquilo que tu gostas de fazer. O amor-próprio é a energia que nos ajuda a sentir firmes e serenas (ao mesmo tempo que nos mantemos sensíveis e vulneráveis). É aquele sentir que nos ajuda a perceber que o outro faz o melhor que sabe e sente e é também aquele sentir que nos ajuda a decidir em paz com quem queremos (ou não) continuar a trilhar o nosso caminho. 

Imagem de: www.simplezhouseplanswithinterior.cf

Às vezes a vida convida-nos a viver sem o que considerávamos que nos era mais essencial. Pergunta-nos: 

- Quem és tu sem essa relação? Quem és tu quando ficas sozinha? 

E somos nós. És tu, sou eu, somos todas nós que temos o poder para decidir quem somos, quem queremos ser e qual vida que queremos viver desde um lugar de liberdade, amor e carinho… que nos damos primeiro a nós para, depois, conseguirmos dar saudavelmente aos outros, aos homens (ou mulheres) que amamos.

Não esperes ou procures alguém que te complete. Completa-te primeiro e ama quem chegar com toda a leveza de um coração livre de prisões emocionais.

Abraça-te. Mima-te. Perdoa-te!

Em Amor,
com Alma, Corpo e Mente.

Daniela Toscano
danielalourotoscano@gmail.com

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