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Em todas as relações e interações que temos, sejam elas pessoais ou profissionais, a comunicação é um aspeto chave para o entendimento, conexão e colaboração. É através da comunicação que nos conectamos uns com os outros, portanto a forma como comunicamos tem um impacto determinante na qualidade e profundidade das nossas relações.
A questão é que grande parte da nossa comunicação é inconsciente e, quer queiramos ou não, estamos sempre a comunicar: através das palavras que escolhemos, do tom de voz que utilizamos e da nossa linguagem corporal. Quanto mais conscientes estivermos do processo de comunicação mais fácil é comunicar a mensagem que queremos e estarmos alinhados com a nossa intenção.
Quanto mais autoconhecimento e mais conscientes tivermos das nossas intenções e dos nossos valores, mais facilmente conseguiremos comunicar as nossas necessidades, limites, emoções, opiniões… a partir do nosso interior. Esta congruência, autenticidade e integridade são elementos fundamentais para a abrir espaço para o fortalecimento de relações de confiança, em todas as áreas da nossa vida.
Dois dos valores da Parentalidade Consciente que considero serem pilares essenciais para uma comunicação consciente são o igual valor e o respeito mútuo: respeito-me a mim e ao outro e ambas as opiniões, necessidades e emoções têm igual valor.
Como comunicar de forma consciente e congruente?
- Estabelecer conexão. Procura criar um momento de conexão, através da tua presença e da tua intenção genuína de te conectares com o outro. Para ouvir e falar eficazmente é importante que a nossa atenção esteja centrada no nosso interlocutor: estar constantemente a antecipar o que o outro vai dizer, espreitar as notificações do telemóvel ou olhar para a televisão são bons exemplos daquilo que não é uma comunicação consciente. Para estabelecer verdadeira conexão é essencial estarmos totalmente focados no momento presente.
- Praticar escuta atenta. Acredito que todos nós já experienciamos o que é estar numa conversa e a nossa mente começar a divagar por outros assuntos, enquanto acenamos afirmativamente. Da mesma forma, sabemos o quão frustrante é tentar estabelecer um diálogo com alguém que parece não estar realmente a ouvir-nos. Ambas as sensações são desagradáveis e criam desconexão. A nossa capacidade de ouvir é fundamental para uma comunicação consciente – isto significa que uma escuta consciente implica parar de interromper, acompanhar e esperar pacientemente que a outra pessoa diga o que está a dizer.
- Mostrar empatia. Todos nós nascemos com esta capacidade de sentir empatia, de nos colocarmos no lugar do outro. Quando falamos em escuta empática, referimo-nos à escuta com a finalidade de compreender. Ou seja, primeiro compreender, realmente compreender! Quando praticamos a escuta empática entramos no quadro de referências da outra pessoa. Procuramos ver o mundo como ela o vê, compreender o paradigma dela, compreende o que ela sente. Na escuta empática, ouve-se com os ouvidos mas também com os olhos e com o coração. Ouve-se procurando entender o significado e os sentimentos.
- Aceitar e não julgar. Temos muitas vezes a tendência para julgar, aconselhar e percepcionar o outro de acordo com o nosso mapa-mundo, que não é necessariamente o mesmo que o da outra pessoa. Em vez de projetarmos a nossa autobiografia no outro e presumirmos pensamentos, sentimentos, motivos e interpretações, vemos a realidade interna da outra pessoa, o que está no coração e na mente dela. Cada um de nós tem uma história, desafios únicos e passa por momentos bons e menos bons. É importante existir espaço para as nossas imperfeições, incoerências e falhas. Estar consciente das nossas diferenças e aceitá-las é essencial para estabelecer relações autênticas onde há espaço para a vulnerabilidade, onde somos vistos e aceites como somos.
- Praticar compaixão. Comunicar de forma gentil e com compaixão, mesmo quando não concordamos. Podemos sempre partilhar aquilo que pensamos e sentimos de forma construtiva, sem agressividade nem acusações. Falar a partir do nosso interior, de forma empática e consciente é uma das principais chaves para uma boa comunicação.
- Deixar ir as expectativas. Se queremos comunicar de forma realmente consciente, temos de deixar as expectativas em relação ao resultado da nossa comunicação. Não há competição nem a questão de “quem é que tem razão”, o que "está certo e o que está errado" não há agressividade nem imposição de ideias. Vamos além do que está à superfície. Existe sim colaboração, um diálogo aberto e empático em que é essencial uma partilha saudável sem levar tudo para o campo pessoal, como se a nossa identidade estivesse a ser colocada em causa. Ter em mente as nossas intenções e valores, expressar a nossa voz respeitando o outro e deixar ir toda a resistência e necessidade de controlar, manipular ou “ter razão”.
Comunicar de forma consciente requer a nossa prática e empenho diários. O facto é que ao tomarmos consciência de velhos hábitos e padrões que repetimos e de que forma se refletem numa comunicação pouco saudável (e muitas vezes agressiva!), caminhamos, passo a passo, rumo a uma comunicação mais assertiva e eficaz, que fortalece as interações e relacionamentos. Comunicação que mostra: "eu ouço-te", "eu vejo-te", "eu estou aqui". Porque acredito que fundo, acredito que estamos aqui para criar bons encontros, aqueles que nos permitem aprender e evoluir uns com os outros.
Em Amor,
Com Alma, Corpo e Mente
Cristina Batalha
Coach & Facilitadora de Parentalidade Consciente