quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Cultivar a Autocompaixão e Curar o Perfecionismo

Photo by Tim Mossholder on Unsplash

“Se não se ama, não será capaz de amar os outros. Se não sente compaixão por si, não será capaz de sentir compaixão pelos outros.” Dalai Lama

A autocompaixão é a compaixão que temos connosco próprios, com o nosso próprio sofrimento e imperfeições. Quando praticamos compaixão cuidamos de nós e tratamo-nos com o mesmo carinho e gentileza com que tratamos as pessoas que mais amamos. Quando praticamos autocompaixão estamos a dar-nos aquilo que procuramos nos outros: amor incondicional, reconhecimento, aceitação e sensação de merecimento e valorização perante a vida.

Em pequenos não fomos educados para praticar a autocompaixão, bem pelo contrário, crescemos a acreditar que é egoísmo e que a autocrítica é necessária para a haver melhorias. Isto faz com que nunca fiquemos verdadeiramente felizes, nunca nos sintamos satisfeitos e suficientes, porque permanece o pensamento que podemos sempre fazer melhor. Assim, procurámos formas de nos protegermos da nossa vulnerabilidade, de nos sentirmos feridos ou desiludidos. Vestimos a armadura e aprendemos a esconder as partes de nós que consideramos “imperfeitas”. Cultivamos pensamentos, emoções e comportamentos que sentimos que nos protegem e assim nos vamos afastando da nossa autenticidade, integridade e alegria pura do nosso ser.

A autocompaixão é a melhor prática para quando nos sentimos desadequados ou insuficientes, quando falhamos ou erramos, quando estamos num grande esforço emocional e precisamos de fortalecer a nossa autoestima. Esta busca pela perfeição está a adoecer-nos e importa desconstruir os  mitos que têm sido desenvolvidos em torno do perfecionismo. É importante começar por esclarecer aquilo que o perfecionismo não é (de acordo com Brené Brown no livro “A Coragem de Ser Imperfeito):

  • Perfecionismo não é o mesmo que procurar a excelência. Não é uma realização saudável e de crescimento, é um gesto defensivo. É a crença de que se parecermos perfeitos, podemos minimizar a dor da censura, do julgamento e da vergonha. É uma armadura muito pesada que usamos a pensar que nos vai proteger, quando na verdade é aquilo que nos impede de ser vistos.
  • Perfecionismo não é autoaperfeiçoamento. O perfecionismo leva-nos a uma busca constante por validação e aprovação, muito devido ao facto de termos crescido com muitos elogios relacionados com os nossos resultados e desempenhos (notas, boas maneiras, cumprimento de regras, agradar às pessoas, aparência, desempenho desportivo,...). O perfecionismo tem um grande foco no exterior: o que é que eles vão pensar? Um esforço saudável no aperfeiçoamento e na excelência tem um foco interno: como posso melhorar/ aperfeiçoar?
  • O perfecionismo não é a chave para o sucesso. Os estudos têm demonstrado que o perfecionismo prejudica a concretização e leva à procrastinação. O perfecionismo está correlacionado com a depressão, a ansiedade, a dependência e a estagnação. O medo de falhar, de ser julgado ou criticado retira-nos a coragem de avançar e desenvolver um esforço saudável na concretização dos nossos sonhos ou objetivos.
  • O perfecionismo não é uma forma de evitar a vergonha. É uma forma de vergonha, o sentimento de que temos que esconder algo sobre nós, para não sermos completamente vistos.

O perfecionismo é autodestrutivo simplesmente porque a perfeição não existe! É um objetivo inalcansável. Podemos ao invés celebrar o nosso progresso e o feedback que os falhanços nos dão para melhorar.

Photo by Darius Bashar on Unsplash

O antídoto para nos libertarmos do perfecionismo é praticar muito a autocompaixão, é saber que fazemos o melhor que conseguimos com os recursos que temos a cada momento. Isto implica transformar a voz que nos diz: "o que é que as pessoas vão pensar?" para "Eu sou suficiente e tenho valor, independentemente dos meus resultados, e mereço todo o amor e conexão do mundo!". Para isso temos de ser mais generosos conosco e abraçar as nossas falhas e imperfeições, temos de ser menos duros conosco e com os outros. Temos de cultivar a autocompaixão e isso requer honrar e aceitar que somos imperfeitos, e está tudo bem.

A autocompaixão, segundo a Dra. Kristin Neff, a cientista que mais se dedica ao estudo da compaixão, é composta por três componentes:
  • Autobenevolência: Ser caloroso e compreensivo em relação a nós próprios quando sofremos, falhamos ou nos sentimos desadequados, em vez de ignorarmos a nossa dor ou nos aprisionarmos com autocrítica e julgamentos.
  • Humanidade comum: a humanidade comum reconhece que o sofrimento e sentimentos de inadequação pessoal fazem parte de uma experiência humana partilhada. Algo pelo qual todos passamos e sentimo-nos menos isolados porque sabemos que não nos acontece só a "mim".
  • Atenção plena: ter uma abordagem equilibrada perante as emoções que nos desafiam e causam sofrimento para que os sentimentos não sejam reprimidos ou exagerados. Não podemos ignorar a nossa dor e sentir compaixão ao mesmo tempo. A atenção plena requer que não nos identifiquemos com os pensamentos e emoções de forma a sermos levados por eles.
A autocompaixão permite que nos coloquemos na perspetiva de observador da nossa própria dor, emoções e sentimentos e entender que não precisamos de acreditar nas histórias do comentador interno. A nossa sensação de merecimento, a crença de que somos suficientes, implica aceitar e assumir as nossas experiências de falhanço e imperfeição, aquelas que não encaixam em quem pensamos que devemos ser e que fazem depender da aprovação dos outros a nossa valorização pessoal e sensação de merecimento.

O perfecionismo retira-nos energia e esmaga a nossa alegria e criatividade. Vamos praticar a autocompaixão, abraçar a nossa vulnerabilidade, ver a nossa perfeição na imperfeição e viver esta humanidade partilhada, em consciência e amor?

Escreve-vos uma perfecionista em recuperação.


Em amor...
Com Alma, Corpo e Mente

Cristina Batalha
cristinabatalha@gmail.com

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Voltar à Terra....Ecoaldeias e eco experiências.


Ecoaldeias são aldeias que têm como base uma economia assente em princípios de solidariedade e sustentabilidade.

As ecoaldeias dão resposta ao desejo de encontrar uma forma alternativa de viver ou apenas à busca por um estilo de vida longe do meio urbano e mais próximo da natureza.

Muitas pessoas estão profundamente cansadas física, emocional e mentalmente com a vida da cidade e viver numa ecoaldeia ou ter uma eco-experiência - ainda que por alguns dias - significa (re)aprender a viver em comunidade, apreciar a interação com pessoas de diferentes nacionalidades, estar em contacto com a natureza de forma responsável e estabelecer um salutar compromisso com a saúde e a qualidade de vida.

Falar de ecoaldeias é, ainda, falar de conceitos como a permacultura - um sistema de "agricultura permanente". A permacultura contribui, seguramente, para a criação de um habitat saudável e de sistemas agrícolas ecológicos de uma aldeia.

Podes saber mais sobre Permacultura consultando:
e

Foto: retirada do site Open4Sustainability

Nas ecoaldeias existem ainda várias modalidades de experiência, por exemplo, poderás ter direito a alojamento e alimentação em troca de algumas horas do teu dia colaborando nas atividades/tarefas da comunidade: fazer refeições, trabalhar na terra, etc...

Podes também usufruir da estadia como visitante e pagar um valor ajustado ao número de dias de permanência na ecoaldeia.

   Foto: site https://www.tamera.org/

Se te imaginas a viver uma eco-experiência convidamos-te a visitar o site da Eco Life Experience onde terás reunida alguma informação sobre as várias ecoaldeias espalhadas por Portugal, a sua localização e modalidades de estadia.

Para saberes mais consulta o site da Ecolife.

Podes também visionar uma reportagem e um vídeo curto sobre a Ecoaldeia de Cabrum (Viseu) onde te ajudará a perceber o que é viver esta experiência.


                                                                      
  
                                        Fotos: Facebook Associação Amakura – Ecoldeia Cabrum

Poderás também, ver o documentário "Que Estranha Forma de Vida"onde são dadas a conhecer formas de vida paralelas à sociedade. Neste documentário ficamos a conhecer a realidade de três projetos: Ecoaldeia de Cabrum, o ECO e Tamera:

Bem, e agora é só começares a pesquisar e dar o primeiro passo!

Enjoy the Life Experience*


Em Amor,
com Alma, Corpo e Mente.



Teresa Peral
teresaperalribeiro@gmail.com

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Violência doméstica - Ser ou não Ser, cumplice

Muito se tem falado nestes últimos dias sobre o número de mulheres que morreram vítimas  de violência doméstica.
É triste e lamentável que o nosso país tenha tão enraizada na mentalidade das maioria das pessoas tantas crenças machistas que propiciam esta violência.
Pode agora estar o leitor(a) a pensar, mas também existe violência sobre os homens e em pares homosexuais. Sim é verdade, mas hoje vou falar apenas da violência sobre as mulheres. E porquê?
Porque ontem fui testemunha auditiva de violência doméstica na andar por cima da minha casa.
Dois dias a seguir ao dia dos namorados, eram apenas cerca das 8:30 da manhã quando me arranjava para ir trabalhar comecei a ouvir a voz masculina mais alterada num tom, que não sendo a gritar, senti como ameaçador. Ouvi passos a correr para o quarto por cima do meu e a porta a fechar,
Passados alguns minutos a porta abriu, a voz dele novamente e coisas a cairem.
Fiquei em pânico percebi que estava a acontecer algo agressivo entre o casal. Comecei a andar pela minha casa sem saber o que fazer, com mil emoções ao mesmo tempo. Pensava:

Vou lá e toco à campainha...
E se ele está tão enraivecido que me agride a mim também?
Chamo já a policia? E se é apenas uma discussão sem agressão?

Meus Deus, o que posso fazer?
Nisto os barulhos aumentaram e ouço de repente um estrondo de algo a partir-se violentamente, vidros, na zona da sala. Pensei que ele tinha partido a janela...sei lá.

Nesse momento abri a porta e subi as escadas, cheguei à porta deles e nada se ouvia, o medo tomou conta de mim naquele momento. Medo que ele abrisse a porta em furia. Desci as escadas vim para casa. Agarrei na mala para sair e chamar a policia. Eis que ele sai e desce as escadas, vi porque espreitei pele óculo da porta a tremer nervosa, a viver aquela violência como se fosse comigo, na minha casa. Decidi subir para ver se ela precisava de ajuda. Toquei à campainha, ela abre a porta como os olhos cheios de lágrimas pá e vassoura nas mãos, e a sorrir diz-me que está tudo bem, que não precisa de nada. Insisto para me procurar se precisar, recusa a sorrir, embaraçada, envergonhada.


Já atrasada para o trabalho saio a porta do prédio e dou de caras com ele de frente para mim ainda desnorteado e pede-me lume para o cigarro, digo-lhe que não tenho, não fumo.

Afasto-me ainda a olhar para ele quando vejo que tem a mão enrolada num pano da loiça com sangue. Dirijo-me a ele e pergunto se precisa de ajuda estando ferido...responde que já tinha chamado os bombeiros. Digo-lhe: É preciso ter calma, é preciso calma. Entretanto, chegam os bombeiros e vou-me embora para o carro a tremer.


Como fui capaz de oferecer ajuda a um homem agressor/agressivo? Estava tão confusa e desorientada com tantas emoções diversas, o medo, a revolta, a compaixão de ver apenas um ser ferido, e não aquele homem.

Lembrei-me dela novamente. Ele poderia voltar para casa e eu já não estaria lá. Liguei para a policia. Relatei tudo o que ouvi e pedi que fossem lá a casa da minha vizinha ver se ela estava mesmo bem, para que ele não voltasse tão cedo. Pediram-me o nome e onde morava, identifiquei-me porque na minha cabeça o pensamento MAIOR era: 

NÃO PODES SER CUMPLICE. PRECISAS DENUNCIAR.

Fui trabalhar sem tomar o pequeno almoço muito destabilizada emocionalmente com N questões na minha mente.

"Não se mete a colher entre marido e mulher". Esta frase que está tão enraizada nas crenças e na mentalidade dos portugueses é, para mim, a grande responsável pelo crescendo da violência doméstica em Portugal.
Eu senti esta frase a bloquear as minhas reações naqueles momentos. Isto é horrível. Como não nos metermos entre dois seres quando há violência? Se for na rua é vergonhoso não separar as pessoas, mas se for entre paredes já é permitido?
Precisamos mudar este estado de mentalidade, agindo cada um de nós, passo a passo.

Denunciar para não ser Cumplice.

Em Amor
Com Alma Corpo e Mente                                                                        Cristina Méga





quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

"Cozinhar é Amor em ação"





A gastronomia tem um poder gigantesco, e tem alterado a sociedade desde que o mundo é mundo. Tem o poder de educar, de expressar uma cultura, tem impacto político.

Quando temos família, especialmente quando há filhos pequenos, ensinamos através dos poros, pelo cheiro, pelo sabor, pelo gesto na cozinha – mais do que aquilo que dizemos. Ensinamos também através daquilo que trazemos para casa, e através do que lhes permitimos consumir.

No papel de pais, educadores, cidadãos, é importante tomar consciência das nossas decisões quando vamos às compras, porque ir às compras é já, em si mesmo, uma decisão política. Eu posso escolher quem beneficio com o meu poder de compra, onde vou comprar, quais são os meus princípios, e quem quero «tocar» com a minha escolha, a quem quero dar o meu poder.

E para isto não somos geralmente educados.
Nas escolas não há aulas de culinária (o que é uma pena...!) e as refeições são muitas vezes de baixa qualidade (tanto ao nível da confecção como da própria qualidade dos alimentos, sobretudo quando as refeições nem são preparadas na escola mas sim por empresas externas).
As escolas que servem comida fresca e boa, estão a educar de uma forma. As escolas que servem comida má e sem sabor, estão a educar de outra forma. A mesma «política» serve para casa.

Entre comer comida má e sem sabor, ou comer fast food que está cheia de sabor, quem prefere a primeira? Comparando com algo muito mau, é algo que pelo menos é saboroso (os adolescentes então que o digam!). Com isto, o que pretendo transmitir é que, para conseguirmos mudar o comportamento de consumo de uma sociedade, é necessário que a sociedade esteja mais bem-educada. E este comportamento prende-se com coisas simples: com comida simples e saborosa, preparada com alimentos de qualidade, com gosto, e de forma consciente.
Quando conhecemos comida digna – ou melhor, quando o nosso paladar conhece comida «de verdade», com gosto – é difícil mudar o paladar e preferir a comida ultraprocessada.

                     

Qual é o problema dos produtos ultraprocessados?
Em primeiro lugar, importa entender a diferença entre produtos processados e ultraprocessados. Muitos produtos são processados, como é o caso dos queijos, das massas, da manteiga. Já os produtos ultraprocessados são aqueles que, quando olhamos para o rótulo, não entendemos o que são os ingredientes, ou não entendemos a que é que a maioria desses ingredientes se refere. Contêm inúmeros aditivos, controladores de texturas, corantes, quantidades exacerbadas de açúcar ou sal, etc. Não só não são necessários para o nosso organismo como são perigosos.
O perigo destes produtos está na relação com doenças como cancro, obesidade, acidentes cardio-vasculares, e outras doenças menos «sérias» como cáries e alterações como celulite (já visível em crianças, atualmente).

Como é que isto se relaciona com a política de um país?
Ora, se o Estado incluísse os custos de saúde nos produtos ultraprocessados, estes certamente teriam valores muito superiores. Dito de outra forma: o que não pagamos hoje, vamos pagar amanhã. E como não vivemos isolados, a nossa família fica afetada, as famílias dos nossos vizinhos e colegas ficam afetadas, e por aí vai. Imagine-se à escala de um país, o quão isso pode afetar o nosso dia a dia e o próprio rumo das nossas vidas.

Muitos de nós não sabem que podem escolher. Compramos porque é o que existe mais perto, compramos porque é o que há, e compramos porque não sabemos verdadeiramente o que estamos a comprar. Fazemos o melhor que sabemos no momento em que estamos.
Agora...o facto é que, na maioria das vezes, temos o poder de decidir. Posso até decidir não pensar nisso. Não deixa de ser uma escolha.

Como mãe de uma criança pequena, estando sozinha com ele, não é fácil organizar-me para garantir que leva para a escola um almoço e lanches nutritivos, saborosos e de que gosta. Para não falar de ainda cozinhar o jantar, lavar a loiça, pô-lo na cama, etc.
E, claro, gerir o marketing arrebatador que existe por todo o lado, e o facto de a maioria dos seus colegas levar outros tipos de lanche.
As estratégias que por agora estou a adotar, perante a realidade que tenho atualmente, passam por:
  • planear refeições fáceis, nutritivas e saborosas
  • fazer a lista de compras, para que as tentações consumistas sejam mais reduzidas 
  • ir às compras à mercearia ou ao mercado, onde posso escolher cada fruta e verdura, onde peço ao meu filho para observar e escolher as  frutas que mais gosta, e onde podemos cheirar os alimentos.
  • convidar o meu filho para cozinhar comigo, preparando os alimentos
  • escolher um dia da semana em que preparo a maioria das refeições e congelo uma parte
  • preparar lanches que são doces sem terem açúcar (queques que levam 20min a fazer, por exemplo, sandes de pão de centeio que foi feito em casa por um amigo)
  • não me culpar tanto quando algo não está perfeito como desejava
  • permitir que uma vez por semana ele coma doces
Por não querer ser fundamentalista, e por ser realista (sabemos que “o fruto proibido é o mais apetecido” e no fim das contas as proibições acabam por ter um efeito ainda mais nefasto), eu permito sem peso que o meu filho coma coisas que geralmente não come, uma vez por semana. E quando calha ter folgas ao fim de semana, adoro preparar um brunch com panquecas, queijo, frutos secos, geleia, manteiga de amendoim, cacau, abacate e outras frutas, sumo de laranja, e tudo o que nos apeteça. E faço-o com verdadeiro amor. Ao entrar na cozinha, quando começo a preparar uma refeição, fico cada vez mais consciente da sorte que é poder preparar refeições para nós. Poder ter tantas cores e sabores no prato, e certamente não é às custas de alimentos economicamente inacessíveis ou horas sem fim na cozinha.


Entretanto...há quem goste de cozinhar, há quem só goste de comer.
Nem toda a gente tem de saber ou gostar de cozinhar. No entanto, cozinhar é uma forma de (se) cuidar. Como alguém disse, «cozinhar é amor em ação».
Não temos de cozinhar todos os dias, não temos de saber cozinhar tudo, e tão pouco temos de cozinhar pratos complexos. Importa que sejam nutritivos e saborosos.
Como escreveu Fernando Teixeira de Andrade..."Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Em Amor...
Com Alma, Corpo e Mente.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Os Homens que Amei

Hoje uma amiga telefonou-me. Chorava… 

Está perdida. A vida não a levou ao lugar onde ela se imaginava a viver com o amor que conheceu há alguns anos. 

Deixou para trás tudo o que sentia que tinha construído e uniu-se a este homem na expectativa de uma vida e uma família partilhadas. 

A vida e a família chegaram mas trouxeram também outros desafios. Desafios que a fazem sentir que perdeu a liberdade de ser como era, quem era, de fazer o que lhe dava mais prazer, de trabalhar naquilo de que gostava. Tudo pelo amor… dizia ela. 

Falava comigo desde aquele lugar em que não conseguimos ver alternativas. Desde aquele lugar em que nos sentimos sozinhas e desamparadas. Desde onde só esperamos que alguém nos dê a mão, normalmente esperamos que seja esse homem a quem nos unimos que nos levante e dê força. 

Mas, nesse momento de desânimo, não sentimos que ele esteja lá para nós. E possivelmente essa não é a função dele na nossa vida. 

Há companheiros(as) – homens, mulheres – que entram na nossa vida para nos libertarem… Nos libertarem das nossas próprias prisões internas, das nossas dependências emocionais, e que vêm para nos mostrar lados nossos que ainda não conhecemos. 

Imagem de: www.sobrerelacionamento.com

As relações mostram-nos muitas vezes o que sozinhas não conseguimos ver. 

A primeira tendência pode ser culparmos o outro pelo que decidimos fazer, pela forma como estamos a escolher lidar com os sentimentos que nos provoca ou pela sensação de que arriscamos tudo para nos podermos entregar em pleno a uma relação que chegou ao seu ponto de rutura. 

O outro não é responsável pelas nossas escolhas… Pode custar admitir isso mas a verdade é que somos livres para escolher e decidir o que queremos viver. O outro também não é o culpado pelos desafios que a vida nos entrega, porque se os estamos a viver é porque algo sobre nós precisamos de aprender (trazer à luz, cuidar, transmutar). 

Nem todos viemos viver um amor daqueles “e viveram felizes para sempre” tão prometidos nos contos da Disney. Viemos viver o(s) amor(es) que precisamos viver até que consigamos viver o amor que nos prepara para a verdadeira entrega: o amor-próprio. 

Algumas relações lançam-nos esse convite, conhece-te na sombra que te é mostrada pelo outro e ama-te como és, ama todas as partes do teu ser, integra cada pedaço de ti num ser humano completo. Gera esse amor dentro de ti para que nunca mais sintas que precisas de um amor externo para te sentires completa e de bem com a vida. 

Ama desde um lugar de abundância que cresce no teu coração, cuida-te e mima-te. Dá-te alegrias e faz mais daquilo que tu gostas de fazer. O amor-próprio é a energia que nos ajuda a sentir firmes e serenas (ao mesmo tempo que nos mantemos sensíveis e vulneráveis). É aquele sentir que nos ajuda a perceber que o outro faz o melhor que sabe e sente e é também aquele sentir que nos ajuda a decidir em paz com quem queremos (ou não) continuar a trilhar o nosso caminho. 

Imagem de: www.simplezhouseplanswithinterior.cf

Às vezes a vida convida-nos a viver sem o que considerávamos que nos era mais essencial. Pergunta-nos: 

- Quem és tu sem essa relação? Quem és tu quando ficas sozinha? 

E somos nós. És tu, sou eu, somos todas nós que temos o poder para decidir quem somos, quem queremos ser e qual vida que queremos viver desde um lugar de liberdade, amor e carinho… que nos damos primeiro a nós para, depois, conseguirmos dar saudavelmente aos outros, aos homens (ou mulheres) que amamos.

Não esperes ou procures alguém que te complete. Completa-te primeiro e ama quem chegar com toda a leveza de um coração livre de prisões emocionais.

Abraça-te. Mima-te. Perdoa-te!

Em Amor,
com Alma, Corpo e Mente.

Daniela Toscano
danielalourotoscano@gmail.com

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Carta de Deus para Ti

Querida/o (diz aqui o teu nome

Quero agradecer-te tudo o que tens feito até aqui. 

Já viveste 20, 30, 40, 50, 60 ou mais anos e continuas firme na tua caminhada. 

Imagem de: http://vivalavida18.blogspot.com

Sei que cada dia tem uma luz diferente e que nem todos têm a leveza que desejarias. Mas a vida é uma professora sábia que escolhe ensinar as mais úteis lições sob um véu de desafio, esforço e exigência. 

Tal como uma professora que acredita nas habilidades dos seus alunos, a vida entrega-te as provas que sabe que consegues superar com distinção, mesmo que isso te faça duvidar de ti. Cada teste tem um objetivo que nem sempre consegues ver de imediato. 

(Diz aqui o teu nome) quero dar-te os parabéns. 

Continuas aqui e ainda há algo no fundo de ti que te faz acreditar, que te motiva a avançar e não te deixa render. És forte e às vezes só precisas que alguém te ajude a recordá-lo. 

Vou fazer-te um pedido: 

Em cada manhã abre os olhos e agradece a bênção da vida. 

Ao longo do dia, agradece cada pequena coisa que aprecias em ti. Agradece a quem te rodeia pelos gestos de afeto que te demonstram (ainda que o faças apenas em pensamento). 

Agradecer pelo que somos e temos é a forma mais eficaz para nos conectarmos com a nossa força e poder pessoal. 

Escreve a seguinte frase e coloca-a num lugar onde a possas ver com frequência: 

A vida contém magia pura e eu tenho o dom para a usar diariamente. 

Repete-a quantas vezes forem necessárias até a dizeres com convicção. 

Usa as tuas capacidades. 

Quando a desilusão insistir em ocupar os teus pensamentos, agradece (novamente) o que tens e o que viveste até aqui, agradece o teu percurso e cada conquista. Lembra-te que os pequenos objetivos também contam! 

Sabes (diz aqui o teu nome) tu tens muito mais talento do que aquele que sentes que possuis. Já fizeste tantas coisas. Já amaste tanto. Já sorriste e gargalhaste tantas vezes… 

A abundância da vida está ao teu dispor. 

Imagem de: http://www.olhar-43.net

Hoje é o único dia que importa. É só hoje que precisas de viver e hoje é um lindo dia para viver. Sai de casa e aprecia a abundância nas coisas belas que te rodeiam. O céu, o sol, as nuvens, a arquitetura das cidades, as flores ou a relva dos espaços verdes, as pessoas (cada uma com uma história única), um livro, o sabor agradável de um café ou de um chá, a frescura da água que podes beber, etc… etc… etc… 

Aprecia a vida que tens hoje nos seus pequenos detalhes. 

E se alguém te quiser mostrar que não existe beleza na vida, lembra-te que essa é a forma como a outra pessoa está a escolher viver os seus dias. Essa atitude não é a tua. Tu escolhes apreciar cada dia e viver em alegria com cada pequena bênção que reconheces na tua vida. 

Quero que saibas que te quero muito bem, que te aprecio e vou SEMPRE cuidar de ti! 

Com Amor,

Deus*
*Nota: 
O nosso lado divino fala connosco todos os dias. 
Guarda uns minutos do teu dia em silêncio para o escutares.



Daniela Toscano
danielalourotoscano@gmail.com