quinta-feira, 28 de março de 2019

Limpezas de Primavera e da Alma




Aproveitando que a Primavera chegou em força por estes lados, nada melhor do que renovar. Renovar as gavetas e os roupeiros, as ideias, o corpo, a mente e a alma! 

Quando temos menos coisas, ou melhor, quando temos apenas o que precisamos e amamos, tudo fica mais fácil. Temos menos coisas para limpar, menos coisas para nos stressar, menos para nos cansar a vista (e, logo, a mente), damos mais valor ao que temos, e tudo fica mais especial. 

Mas... livrar-se do que já não se precisa é um ato de coragem. Pode ser uma experiência um pouco avassaladora ao início, especialmente quando envolve bens com valor emocional, mas é das mais gratificantes porque no fim sentimo-nos renovados por fora e por dentro e tudo o que vemos parece mais limpo, mais claro, mais calmo. Mais respirável, diria até. 

Por ser um desafio, mais vale dividi-lo em pequenas etapas para que possamos manter o foco e contornar as emoções e, sobretudo, tornar esta tarefa exequível. O princípio é sensivelmente o mesmo para todas as categorias: reunir o que existe em casa numa pilha, selecionar, identificar o que realmente interessa e livrar-se do que já não se precisa. 

Aqui fica uma lista para te ajudar passo a passo:

Cozinha 

Frigorífico e congelador| retira o que está fora de prazo, limpa o frigorífico por dentro e por fora. A partir de agora reserva uma das prateleiras do frigorífico para o que precisa de ser consumido mais rapidamente. Assim, evitas que se estrague. 

Armários| revê o que está fora de validade ou com prazo no fim. Reorganiza os armários verificando métodos que sejam mais práticos para ti. 

Detergentes| reune em cima da bancada todos os detergentes que existem em casa (para lavar a loiça, para limpar o fogão, para limpar a bancada, para lavar a roupa, para limpar o wc, para limpar as janelas, etc). Depois de selecionares se algum já está vazio, repensa a necessidade efetiva de detergentes que tens. 




Roupeiro 

Malas, mochilas, carteiras, bolsos dos casacos | esvazia completamente estes items e escolhe o que pode mandar fora. Aproveita e seleciona as malas e bolsas e mochilas que já estão demasiado gastas, ou que já não são o teu estilo, e livra-te delas. 

Roupas| faz uma pilha em cima da mesa com todas as roupas que tens em casa (no roupeiro, no cesto da roupa, na cadeira da roupa, etc). Facilita muito criar categorias – por exemplo pilha das blusas, pilha das calças, pilha dos casacos. Depois identifica, para cada pilha, o que já não queres, o que gostas mesmo, e o que ainda não sabes. O que já não te serve/não gostas/não usas há 1 ano, doa ou deita fora. O que realmente gostas, guarda. O que ainda não sabes estabelece um prazo de 6 meses e se, ao fim desse tempo, não tiveres sequer sentido a falta, doa. 

Roupas íntimas | Seleciona os sutiãs, as cuequinhas, os boxers, as meias que são desconfortáveis ​​ou gastas e desfaz-te deles. 

Sapatos| a eterna perdição feminina, dirão muitos. Junta todos os pares que há em casa e dá um novo destino aos sapatos que: ficam desconfortáveis, estão demasiado gastos ou já não são usados porque simplesmente já não são o teu estilo. A mesma política para os sapatos do restantes membros do agregado familiar :)

Maquilhagem | novamente, reune tudo o que tens desta categoria (no wc, na bolsa de maquilhagem, nas gavetas, etc) e verifica o que já não usas há séculos, incluindo aquelas amostras que nunca vais usar, tendo em mente que a tua pele merece o melhor. 





WC 

Toalhas, saída de banho | verifica o que já está demasiado gasto, o que tens em excesso e mantém o essencial. 

Limpa todo o wc em detalhe, pois esta é das divisões mais importantes da casa. Daquelas em que faz a principal diferença aos olhos quando está sujo ou desarrumado. 

Escritório 

Canetas, lápis, marcadores, etc | Tudo o que houver desta categoria em casa, reune o que está em repetido e doa, deita fora as canetas que secaram e outros items que já não funcionam 

Revistas, jornais, manuais, livros, panfletos|Talvez os jornais e as revistas possam ir para o papelão, os livros e manuais que não precisas podem ser doados a escolas ou bibliotecas... 

CD’s, DVD’s | o que já ouviste|viste e pertence ao passado? O que já não te toca o coração? Talvez alguns amigos possam quer ver filmes que para ti já não têm interesse... 

Computador e gadgets | Limpa todas as app’s, fotos, programas, email, subscrições do teu universo digital. Ficarás com muito mais espaço no PC e nos gadgets para novas fotos, além de que será muito mais fácil encontrar o que precisas. 







Tudo o que já não fizer sentido manter, pode e deve ser: doado, mandado fora, vendido em sites de artigos usados ou nas feiras da bagageira que algumas cidades e aldeias já organizam... 

No fim desta empreitada, que deverá ser feita com o devido tempo para não se perder as estribeiras, terás uma espécie de vida nova. Uma alma renovada. 

Boa sorte, respira fundo e... começa já! 

Em Amor... 
Com Alma, Corpo e Mente. 

Marta Peral Ribeiro 
martaperalribeiro@gmail.com 









https://jojotastic.com











quarta-feira, 20 de março de 2019

Equinócio, Rendição e Confiança

Neste equinócio, elevo um rezo de rendição e confiança. 

Meu coração, antes ávido de controlo e perseguidor profissional de expectativas; abandona a sua jornada de muito cansaço. Diz, em verdade: - Abdico do controlo!

Tal como esta força invisível de florescimento faz acontecer a primavera sobre a terra, também o ser que sinto se deixa penetrar pela energia do sol e permite que brotem nele todas as sementes plantadas no passado.

Na terra remexida, transmutam-se os padrões obsessivos e obsoletos. Deixo que se transformem em energia nova.

Foto de: www.laurapetraglia.com

Elevo um rezo de gratidão a cada uma das minhas estruturas destruidas. Elevo-o mais alto e mais forte, mais longe do que alguma vez fiz desde que me conheço neste corpo.

Qual borboleta em transformação, entrego-me à fragilidade dos voos, sabendo que é no casulo da lagarta que voltarei a ser, que deixei a nave que me permite fazer outros mergulhos profundos.

Sinto paz e caos. Tanta paz e tanto caos ao mesmo tempo que passo horas em lágrimas, sem saber quem sou nesta nova identidade.

Elevo um rezo e peço rendição, entrega e confiança, conectando-me com a terra e enchendo-me da sua energia de fertilidade. 

Deixo-me florescer!

Acolho cada botão em flor, não importa a cor ou a forma. Acolho ainda cada semente que escolheu não brotar. Abro os braços e abraço toda a beleza e imperfeições no caminho.

Grito, num esvaziamento da fúria e da raiva guardadas nos momentos em que não pude viver em verdade.

Sento-me, observo, não (me) julgo. Só sinto.

Partilho este sentir com cada guardiã(o) do meu coração.

Ouço do lado de lá:
- Bem-vinda ao caminho da rendição. 
É agora que a aventura começa!


Em Amor,
Com Alma, Corpo e Mente.


Daniela Toscano
danielalourotoscano@gmail.com

sábado, 16 de março de 2019

Meditação e algumas sugestões de livros


Hoje optei por um post cujo objetivo será trazer a atenção para os benefícios das práticas meditativas em que partilho, ainda, alguns recursos que me ajudaram e ajudam a integrar a meditação no meu quotidiano.

                                                    Créditos: Carlos Dias
Apresento ao longo deste post três sugestões de livros e respetivas proposta práticas.
Há imensas definições de meditação mas uma que ressoa em mim é a de João Magalhães [1] no seu livro Reiki, Meditação e Consciência (2019)[2] onde se refere à meditação como sendo “uma prática de concentração e que pode ser aplicada, realizada, em qualquer momento e ação do quotidiano, não sendo necessárias condições especiais para a alcançar, apenas predisposição e entendimento” (p. 68). Esta definição de meditação remete-me para um sentido prático que considero muito importante quando integramos novos hábitos na nossa vida com vista a um maior bem-estar.



Neste livro, João Magalhães propõe uma série de dicas que nos podem conduzir a uma vida mais feliz e pacífica através de um conjunto de propostas que incluem exercícios práticos onde o leitor é convidado a refletir sobre a sua motivação para meditar e que objetivos define para cada momento meditativo. O livro traz ainda um CD com meditações guiadas que servem como recurso para a prática.
Vasco Gaspar[3] também nos presenteia com um programa de atenção plena para o dia-a-dia através do seu livro Aqui e Agora (2018)[4] onde apresenta ao leitor a definição de meditação Mindfulness e propõe a prática de um  programa de 8 semanas baseado no ZBHD. Um programa criado em 2013 com “o propósito de desmistificar e tornar acessível o cultivo do mindfulness e contribuir para o desenvolvimento pessoal de quem realiza o programa e da sociedade em geral” (p.32). Também este livro inclui meditações áudio e eu mesma já cumpri o  programa através do livro e senti-me muito bem! O Vasco propõe a realização de exercícios de journaling que ajudam o leitor a escrever e refletir sobre a prática, analisando a sua evolução ao longo das 8 semanas.



A última sugestão que apresento é o livro de Mikaela Öven[5], intitulado Heartfulness(2016)[6] onde nos convida a praticar o mindfulness aliado ao heartfulness. A prática de Heartfulness significa, segundo a autora” estabelecer uma conexão com o nosso interior, com os outros e com a vida” (p.24). Neste livro poderemos desfrutar de uma APP com meditações guiadas e mandalas para colorir.



Existem imensos livros no mercado. Começa…Hoje e percebe em ti a transformação a acontecer. O mundo precisa de seres humanos a viver em maior harmonia e não a (sobre)viver no caos constante.


Boas práticas!

Em Amor…
Alma, Corpo e Mente…




Teresa Peral






[1] Mestre de Reiki, fundador e Presidente da Associação Portuguesa de Reiki, budista
[2] “Reiki, Meditação e Consciência” – Editora Nascente
[3] Vasco Gaspar, professor certificado a nível mundial na metodologia Search Inside Yourself
[4] “Aqui e Agora” – Editora Matéria-Prima edições
[5] Mikaela Öven, Coach e instrutora de Mindfulness
[6] Heartfulness – Porto Editora

quarta-feira, 13 de março de 2019

Ser feminina ou ser feminista

O dia da mulher foi celebrado há poucos dias, a 8 de Março, e fiquei a pensar, a meditar no seu significado, após tantos anos da sua implementação.

Confeço que fico triste quando percebo porque razão ainda temos que aproveitar a celebração deste dia para reclamar o que deveria ser um direito natural das mulheres de todo o mundo, face à igualdade de género e à igualdade de direitos humanos.

Em 2014 Emma Watson discursou na ONU apelando à igualdade de género e criou o movimento HeforShe. 
Vejam o video aqui
Emma Watson
Ela apela à igualdade de géneros na medida em que também os homens sofrem com a desigualdade, tendo que ser fortes sem poderem, muitas vezes, expressar as suas fragilidades e fraquezas. Enquanto as mulheres são discriminadas em todo o mundo de várias formas difrerentes.


Em 2017 a HeforShe chega a portugal e no entanto, constatamos que o número de mulheres vitimas de violência no nosso país tem aumentado de forma assustadora.


Ainda assim com tanta desigualdade entre homens e mulheres na sociedade, temos mulheres que apelidam outras de feministas, num sentido critico negativo e discriminatório.

Ser feminista é reconhecer que existem em Portugal, e no resto do mundo, imensas mulheres que são discriminadas em relação aos direitos humanos, face a uma sociedade de cariz patriacal, onde o homem assume um papel de "superioridade".
Malala Yousafzai

E no meio destes meus pensamentos surge o termo feminina versus feminista.

O que é ser feminina, pergunta-me uma amiga? 

Ser feminista pressupõe ser feminina, pergunto eu?

Para mim Ser Feminina é estar bem na minha pele de mulher. Ser fiel à minha  pessoa, aos meus valores. É gostar de mim e cuidar de mim, da minha alimentação, do meu corpo, cuidar da minha Alma. Isto pouco tem a ver com a forma como me visto, se me maquilho, se pinto as unhas, se visto saias ou se ando de cor de rosa, etc...
Cada uma de nós mulheres deve saber identificar o seu empoderamento, ou seja o seu PODER de SER.

Se a sua identidade de género for feminina, então quer dizer que a sua alma se identifica com um corpo feminino de mulher. E isso nada tem a ver com a sua opção sexual.
Ser feminista é defender a igualdade de género e igualdade de direitos humanos.

Eu sinto-me feminina e feminista.

E tu leitor(a) o que é para ti "Ser feminina" ? E "Ser feminista"?  
Comenta, dá-nos a tua opinião, o teu sentir.


Em Amor
Com Alma Corpo e Mente                                                         
                                                                                               Cristina Méga

                                                                                               cristinamariamega@gmail.com
                                                                                               Facebook: PNLCom PAixão

quarta-feira, 6 de março de 2019

Trauma e Pedagogia de Emergência

Todos nós, de alguma maneira, seja em que grau for, já sofremos um episódio traumático. Hoje vamos falar de trauma, do processo traumático, das suas consequências e de estratégias que podemos levar a cabo para as minimizar. Este artigo é dedicado sobretudo aos mais novos. 




O que é um trauma? 

A etimologia da palavra «trauma» refere-se a uma ferida: uma ferida psicológica. Portanto, independentemente da sua origem, um episódio traumático pode ter uma repercussão enorme na vida de quem o sofre. 

As consequências, quando o processo do trauma não é devida e atempadamente conduzido, podem chegar a alterar a constituição física e psíquica de um indivíduo, Ou seja, os sistemas nervoso, respiratório, metabólico, motor e rítmico podem ficar afetados. 

No caso de uma criança, quanto mais nova for, maior pode ser o impacto. Os distúrbios consequentes do episódio traumático podem, de uma forma mais «direta» interferir com o comportamento e a aprendizagem. 



Ora, como é que se processa um trauma? Normalmente, em 4 fases: 

1) Situação traumática 
2) Fase aguda do choque (1-2 dias após a situação) 
3) Reação de stress pós-trauma (até 8 semanas depois) 
4) Distúrbios provocados pelo trauma, com possíveis alterações da personalidade. 

O que podemos fazer para ajudar uma criança ou jovem, salvaguardando tanto quanto possível o seu desenvolvimento? Em primeiro lugar, há que ter em linha de conta a idade da criança, adaptando as estratégias à sua maturidade emocional e física. 

Existe um conceito muito interessante, criado por Bernd Ruf, chamado Pedagogia de Emergência. Trata-se de uma intervenção de emergência cujo propósito é, por um lado, potenciar estratégias pedagógicas e, por outro, estimular a capacidade de auto-cura da própria criança ou jovem para colmatar o trauma e evitar distúrbios subsequentes. 

A Pedagogia de Emergência sugere então alguns métodos que podemos aplicar no período pós-trauma (isto é, nos dias e semanas seguintes), tais como: 

    1) permitir que a criança sinta o que tiver a sentir e experiencie as suas emoções. 

Suprimir e negar o que se sente são mecanismos de defesa que podem levar a fobias e compulsões, ou até distúrbios depressivos. Quanto maior a capacidade da criança de processar as emoções, melhor será a recuperação do trauma... É fundamental que o adulto lhe dê liberdade para o fazer, que a ouça, se interesse e a apoie. Mas não a devemos pressionar. 


    2) proporcionar à criança ritmo e rotina. 

O ritmo é vital, sobretudo para alguém cuja vida ficou revirada após uma experiência traumática. Porque ritmo traz ordem e segurançal – seja no ritual de acordar e deitar, à refeição que inicia ou termina, ter a sesta, etc. Para além dos pequenos rituais nas ações quotidianas, podemos trazer também canções, versos e jogos rítmicos. 


    3) garantir uma nutrição tão rica quanto possível. 

A nutrição afeta a saúde, o sistema imunitário e também a condição física. A alimentação deve tornar-se uma das prioridades no processo pós-trauma, dedicando especial atenção às vitaminas. 


    4) brincadeira ativa, sob observação. 

Muitas vezes a criança não consegue pôr por palavras aquilo que sente. A brincadeira e/ou as artes podem tornar-se as suas palavras, a sua expressão: desenhar, pintar, escrever, cantar, criar, etc. Depois de um trauma, a criança vai readquirindo aos poucos o sentimento de controlar algo, através da brincadeira. Pode representá-las com bonecos ou assumir uma «personagem», projetando neles o que sente ou vivenciou. Portanto, é conveniente que façamos uma observação cuidadosa da brincadeira, porque se não tiver limites também pode levar a criança a reviver o trauma de uma forma dolorosa, em vez de o curar.   


    5) criar movimento. 

A criança que sofreu um trauma fica geralmente tensa e pode ter medo de se mover. Mas o movimento desenvolve tanto a saúde mental como a física, como sabemos. Devemos encorajá-la a movimentar-se, a caminhar, a correr, saltar, nadar – tendo em consideração, obviamente, o estado físico em que a criança possa estar após uma situação que tenha afetado o corpo físico. 


    6) proporcionar-lhe relaxamento. 

Quando pensamos em relaxamento, uma das imagens que nos surgem imediatamente é: massagens. Um óleo (de amêndoas, ou até azeite) com 1 ou 2 gotinhas de óleo essencial de alfazema têm um efeito mágico e calmante sobre a pele. Há também técnicas de respiração bastante eficazes para que a criança relaxe das reações fisiológicas sofridas após o trauma. 


    7) treinar o foco e a memória. 

Após uma experiência traumática, a criança facilmente se desconcentra. Ouvir histórias, criar trabalhos artísticos, fazer trabalhos manuais, jogos de memória, puzzles, jogos de coordenação e jogos de paciência são muito eficazes na recuperação da concentração e da memória. 


    8) criar atividades que apelem a novas competências. 

A criança possivelmente apresenta agora uma certa apatia (para além de baixa auto-estima) pelo que é necessário aos poucos confiar-lhe pequenas tarefas exequíveis, tais como manualidades, tarefas de jardinagem... No fundo, tarefas com alguma responsabilidade em que os mais pequenos se sentem capazes de concretizar e, assim, mais importantes. 


Proporcionar segurança e proteção, criar laços emocionais confiáveis, desenvolver a auto-estima, reduzir o desgaste emocional e criar uma atmosfera de grupo positiva resulta na ativação das forças de autocura das crianças e jovens traumatizados. 


Finalmente, um outro factor importantíssimo é celebrar as alegrias, mesmo que sejam apenas alguns «golden moments» – e há sempre algum. Valorizar e realçar cada um desses momentos de ouro do dia a dia, aliando-os a uma comunicação empática e a memórias positivas, é trabalhar para o fortalecimento do sistema imunitário da criança e cura a todos os níveis! 


Em Amor...
Com Alma, Corpo e Mente.





Marta Peral Ribeiro 

martaperalribeiro@gmail.com 

sábado, 2 de março de 2019

Dizer "não" com a consciência tranquila

“A integridade é preferir a coragem ao conforto; preferir o que está certo ao que é divertido ou fácil; e optar por praticarmos os nossos valores em vez de simplesmente professá-los.” Brené Brown


Para a maioria de nós ainda é muito desafiante estabelecer limites pessoais, pensamos muitas vezes que se o fizermos não vão gostar de nós, vão ficar zangados ou desiludidos conosco, não seremos aceites ou não “pertencemos”. Por esta necessidade humana de conexão e de pertença achamos muitas vezes que se comunicarmos os nossos limites pessoais podemos estar a colocar em causa a relação. Por medo de não correspondemos às expectativas dos outros sobre nós, ultrapassamos os nossos limites pessoais, afastamo-nos de nós e comprometemos a nossa autoestima.

Temos a ideia que dizer "não" tem de ser uma resposta fechada, agressiva e que não revela simpatia ou vontade de cooperar. Mas, na verdade, podemos dizer "não" de forma assertiva, com muito amor por nós e pelo outro, com muita empatia e compaixão e isso só tende a beneficiar a relação, a aumentar a confiança e a conexão, por estarmos a respeitar-nos, a sermos autênticos e fiéis a nós próprios.

Photo by Isaiah Rustad on Unsplash

De onde vem então esta dificuldade em conhecer e comunicar os nossos limites pessoais com clareza e sem culpa?
Convido-vos a regressar à vossa infância: como eram tratados quando comunicavam os vossos limites?, quando diziam "não quero", "não gosto", quando não queriam fazer algo, quando não queriam vestir o casaco ou dar um beijinho a alguém que acabaram de conhecer?

Todos nascemos com uma enorme capacidade de expressar os nossos limites e dizer "não", muitas vezes na forma de birras e comportamentos desafiantes (os recursos que temos disponíveis nesta fase para nos conseguirmos expressar). Pela forma como somos educados, a forma como comunicam conosco, vamos perdendo esta competências e sabedoria inatas e sentido muitas vezes culpa, tanta que começamos a dizer "sim" quando queremos dizer não.

Como lidavam conosco quando expressavamos os nossos limites? Como lidamos hoje com as situações em que as crianças estão a comunicar os seus limites? Tendemos a julgar, a criticar, a castigar, o que não ajuda a desenvolver a capacidade da criança em colocar limites de forma clara, respeitadora e amorosa, bem pelo contrário! A criança que não se sente ouvida e respeitada nos seus limites, cresce a sentir que os seus limites não interessam e que para gostarem dela tem de abdicar dos seus limites. Por outro lado, a forma como dizemos "não" e comunicamos os nossos limites à criança é determinante para a forma como vai aprender a fazê-lo, e tão importante na fase da adolescência e toda a vida adulta! Podemos ensiná-la dizendo "nãos" autênticos e congruentes, aqueles que vêm do coração e não da necessidade de exercer poder (aquele que exerciam sobre nós e que de forma inconsciente incorporámos e replicamos).

Se refletirmos sobre estas questões, observamos como fomos "treinados", desde a infância, para agradar aos outros, mesmo indo contra as nossas necessidades, sentimentos e emoções, a ter determinado tipo de comportamento para sermos bem tratados, para recebermos amor. Fomos condicionados para ter um "bom comportamento" para nos sentirmos amados e aceites e que por medo das consequências negativas que possam advir quando expressamos os nossos limites.
Aprendemos a colocar os outros em primeiro lugar e que não os devemos desiludir e incomodar com as nossas emoções difíceis.

Sempre senti uma enorme pressão para corresponder às expectativas que tinham sobre mim, sempre procurei ser a menina bem comportada, que tinha boas notas e se esforçava muito pela constante busca de validação e aprovação. No fundo, para conseguir satisfazer as minhas necessidades de conexão e de me sentir reconhecida, vista e ouvida.

Mais conscientes de onde vem esta dificuldade e este condicionamento, podemos assumir a responsabilidade pelas nossas necessidades e limites pessoais e ajudar as crianças a fazerem o mesmo, com muito amor e compaixão. Esta é uma aprendizagem fundamental no processo de desenvolvimento da autoestima.

O mais bonito desta capacidade de respeitar os nossos limites, de dizer não com a consciência tranquila, é que quando o fazemos conosco e temos autocompaixão, fazemo-lo com os outros, está presente o igual valor e o respeito pela integridade de todos nós (independentemente da idade). Ao assumir esta responsabilidade estamos a dizer sim a nós próprios, a cuidar da nossa autoestima e a afastar sentimentos de culpa, a voz do crítico interior e do medo do julgamento e de "não pertencer".

Termino deixando-vos uma questão para reflexão: Quando dizes sim, e queres dizer não, que limites estão a ser ultrapassados? Que limite precisas de exprimir para te começares a sentir melhor?

Com Amor,
Alma, Corpo e Mente

Cristina Batalha
Coach e Facilitadora de Parentalidade Consciente
cristinabatalha@gmail.com