domingo, 25 de junho de 2017

O Sentido da Alma

 "A grande enfermidade do séc XX, ligada a todos os nossos problemas e afectando-nos individual e socialmente,  é a "Perda da Alma".  Thomas Moore,  in O Sentido da Alma

Estamos já no séc XXI , na era da globalização,  mas as nossas mais profundas questões,  que nos abalam e desorientam, têm sempre a ver com a perda da Alma ou com o sentido que damos à vida.
Nas insatisfações, que são a parte integrante na prática diária de uma terapeuta, temos:
             * o vazio
             * a ausência de significado para a vida
             * a desilusão face aos relacionamentos
             * a ausência de valores/objectivos
             * a ânsia de realização pessoal
             * a sede de espiritualidade
Como podemos ajudar a resolver estas questões?
É preciso reconhecer os sintomas como a voz da Alma.
É preciso encaminhar o ser, de forma a que encontre o sentido da Alma.
É preciso perguntar ao nosso ser interno o que nos faz feliz,  pleno de alegria e paz.
É preciso sentir no nosso centro de bem estar (zona do cardíaco), dia-a-dia,  o que nos alimenta a Alma.
Como podemos ouvir o nosso ser interno?
           1. Formular a pergunta (o que me dá alegria de viver?)
           2. Fechar os olhos, entrar bem dentro de nós.
           3. Entregar e deixar fluir calmamente, com serenidade e ficar atento(a) a tudo o que emerge à nossa mente.  Algo vai surgir que fará sentido à  Alma,  de forma a sentirmos-nos plenos de alegria e Amor.
Estes são os alimentos para a Alma que darão sentido à vida, que vão preencher o vazio.
Podemos também diariamente alimentar a Alma conectando-nos com a natureza, o Sol, as árvores, as flores, o mar, as estrelas, respirar com consciência.
A criatividade e as artes têm a magia de nos ligar à Alma nutrindo-a.

" Pensemos, então, em cuidar da Alma como uma aplicação da arte poética à existência diária". Thomas Moore in Sentido da Alma
                                    imagem do livro, O pássaro da alma, de  Michal Snunit
Cristina Méga
padeiro.cristina@gmail.com 

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Ouves bem?

Ouves bem?

Provavelmente vais responder-me que sim. Mas será que ouves bem de facto? Será que escutas?

Vamos colocar a questão de uma forma mais clara. Quando conversas com os teus amigos e família, escutas de facto o que te dizem, escutas as ideias que transmitem ou limitas-te a fazer silêncio para que falem? Consegues escutar-te a ti próprio? Consegues ouvir o silêncio?
Quantas vezes em conversa com alguém tiveste a sensação de que o teu interlocutor não escutava as tuas ideias, não as considerava ao longo da conversa?
Quantas vezes paras para te escutar, para escutar as tuas necessidades, os teus sonhos, os teus projectos, os teus desejos e ambições? Quantas vezes paras para escutares o teu coração? Se assim lhe quiseres chamar.
Quantas vezes paras para simplesmente nada escutar? Nem aos outros nem a ti. Para simplesmente escutar o momento, o silencio da tua mente e do teu espírito, para escutar o aqui e o agora?




Pois é, a maior parte de nós “ouve” mal… Comecei por notar isto em alguns amigos, enquanto conversava, sentia que as minhas ideias, partilhas e desabafos não eram escutados. Tinha a sensação de que não eram levados em consideração e que na realidade, a outra pessoa apenas estava interessada em falar dos seus problemas e de si. Tal situação incomodava-me, “eu não era ouvida”. Até que um dia me apercebi de que, tal como os outros não me escutavam, eu também não os escutava. De facto estava tão absorvida com as minhas próprias ideias, questões e problemas, que não tinha disponibilidade para os ouvir, para os escutar de facto, para receber as suas partilhas, apenas para transmitir os meus desabafos e ideias. E assim, percebi que poderia estar a perder coisas maravilhosas, partilhas fantásticas, novas aprendizagens, histórias, a conexão com pessoas que me são próximas e que são importantes para mim…

E quanto a escutarmo-nos a nós próprios, penso que não estamos muito melhor. As nossas vidas ocupadas ajudam pouco a que nos escutemos, andamos tão ocupados em corresponder a tudo o que nos é solicitado, quer seja a nível profissional, familiar ou social que nos custa a ouvir a nossa voz interna, aquela voz que nos diz do que precisamos internamente, que nos diz se estamos felizes, se o nosso espírito está feliz e nutrido, aquela voz que nos orienta para os nossos sonhos, que nos diz se estamos a tomar a decisão certa ou errada… E esta voz é por vezes tão abafada por todo o nosso ruído mental de respostas a solicitações externas e preocupações, que acaba por se transformar no mero sussurro, às vezes inaudível…

E o silêncio? Este é o mais difícil de escutar, para o fazer é necessário apaziguar a mente, deixar o nosso ruído mental de lado, deixar o ruído dos outros de lado e permanecer exactamente no aqui e agora, sem preocupações com o que virá ou com o que passou. Apenas estando connosco próprios e sentindo o nosso silêncio.

Os outros são essenciais à nossa existência e nós somos o elemento central. Como podemos existir plenamente se vivermos ensurdecidos? Ouçamo-nos uns aos outros com ouvidos de ouvir e escutemos a voz do nosso âmago, escutemos o que nos rodeia. Ao escutarmo-nos a nós e aos outros criaremos melhores conexões, ligações mais puras, mais genuínas, abriremos enormes portas de aprendizagem e crescimento, conhecer-nos-emos a nós e aos outros muito melhor…

Por isso, escuta bem!

Joana Lourenço
rjl.joana@gmail.com