terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Círculos de Mulheres para mulheres contemporâneas


Era uma vez uma menina que não suportava calças e muito menos cabelo cortado à le garçon...!

Recordo-me (desde sempre) que a reverência ao feminino era (e é) um aspecto muito presente na minha vida. Expressava-o, de forma inconsciente, através dos desenhos alusivos ao feminino, através da roupa que vestia (saias e vestidos), através da necessidade imperativa em manter o meu cabelo comprido (as minhas antenas!). A expressão de uma identidade assumidamente feminina e que me lembra do prazer em Ser e Sentir-me Mulher.


O padrão familiar do qual provenho é marcado por uma linhagem de mulheres matriarcas cuja atitude apreendida foi a da mulher trabalhadora, educadora dos filhos, a que está na linha da frente na resolução de problemas de toda a ordem e a de achar que a ajuda de um homem era menos relevante. Neste sistema familiar o padrão vigente foi sempre o de mulheres que tiveram de tomar decisões importantes e em muitos momentos não se permitiram mostrar fragilidade (embora a sentissem). Herdei, em alguns aspetos, este lado matriarca e o trazer para mim muitas responsabilidades que não soube partilhar e gerir nos relacionamentos conjugais que vivi custando-me, entre outros fatores, o final dessas relações.

Entre muitas vivências doridas e outras prazerosas escolhi sempre extrair as aprendizagens. Umas vieram mais rápido e outras mais lentamente pois integrar mente (pensar) e coração (sentir) nem sempre é tarefa fácil.

O meu processo de cura e de despertar para o Sagrado Feminino iniciou, conscientemente, em 2016 após vivenciar o luto de uma relação. Senti nessa altura o chamado para integrar um clã de mulheres denominadas de Guardiãs do Ventre e do Sagrado Feminino [1]onde acredito ter dado início ao resgate do meu feminino sagrado.

Imagino que estejam a perguntar o que é o Sagrado Feminino?

Convido-te a interromper a leitura por alguns instantes e responder a ti mesma/o o que representa o Sagrado Feminino para ti? Não há respostas certas ou erradas...

Para mim representa escutar a intuição, a minha sabedoria interna, despertar para os mistérios da Vida. O aceitar a fragilidade e, simultaneamente, reconhecer e assumir o meu lado selvagem.

Ressalvo que o movimento do Sagrado Feminino não é igual a Movimento Feminista (e nada contra!) mas se quisermos uma definição poderá dizer-se que é “o resgate de uma consciência antiga que nos retorna aos valores de nós mulheres num todo, social, pessoal, psicológico, religioso, cultural, além de uma busca pela atitude ecologicamente correta” (2018, Gaya)[2]. 


Ainda em 2016 uma amiga incentivou-me a facilitar um Círculo de Mulheres. Em cada Círculo de Mulheres[3] tive a oportunidade de me colocar ao serviço de outras mulheres, assumindo o compromisso firmado quando me tornei guardiã do ventre. Senti e sinto um verdadeiro retorno a casa. Algo que inexplicavelmente vem de dentro e que transcende os aspetos racionais. Crê-se que os Círculos sempre existiram como práticas em sociedades regidas por um regime social de parceria e comunhão entre si e com a natureza. Após reunir algumas ferramentas e a confiança necessária facilitei o meu primeiro círculo e a seguir a esse vieram outros 14 círculos que se revelaram maravilhosamente enriquecedores...



Quando as mulheres se sentam em roda o sentimento de união e de igualdade emerge (não há uma hierarquia), estamos de igual para igual a partilhar as feridas emocionais num ambiente seguro e isento de julgamento. Estas feridas resultaram de um passado marcado por uma civilização patriarcal em que as mulheres se tornaram competitivas e desligadas da sua essência.

Da experiência que tenho vivido posso partilhar que as emoções e conexão que se experimenta num círculo é algo de poderoso e transformador. A cumplicidade flui, o espaço para a partilha surge, as dores atenuam e lembramo-nos que não estamos sozinhas na Caminhada. Em cada círculo choramos, dançamos, abraçamo-nos, confidenciamos histórias, pintamos, rimos, cantamos, lembramos a doçura de se ser Mulher. Honrar a benção que nos está a ser concedida.

Realço que o objetivo deste artigo não é crucificar os Homens nem gerar a divisão, pelo contrário, é compreender que também os homens carregam as suas feridas e que se trabalharmos para equilibrar estas polaridades (feminino, masculino) em nós, por certo estaremos a contribuir para a criação de uma sociedade mais amorosa em que as relações mulher-homem possam ser harmoniosas e curadas lado a lado. Em Portugal já se facilitam Círculos de Homens onde também é possível trabalhar o resgate do Sagrado Masculino[4]  e Círculos Mistos (Homens e Mulheres) [5]

O meu objetivo é lançar a semente para a compreensão do que representa o Sagrado Feminino e a importância dos Círculo de Mulheres para as mulheres contemporâneas em que me comprometo em levar este propósito mais longe!

Convido-vos a procurarem participar num Círculo de Mulheres perto de vocês, por certo que encontram e sintam a experiência tirando as vossas próprias conclusões!


Lembrar, por fim que “é através do regresso ao Círculo e à liderança circular que iremos transformar a nós mesmas e ao mundo pois é nele que se encontram as chaves para a União de todas as partes (2018, Inês Gaya)


Aho!


[1] As Guardiãs do Ventre e do Sagrado Feminino representam um clã de Mulheres que têm como propósito assumir um papel ativo no despertar do Sagrado Feminino.
Este Clã está ligado pela missão de Empoderar e Educar mulheres e homens, repondo a verdade e curando as feridas de um passado marcado por uma energia excessivamente castradora e patriarcal. Fonte: Gaya, Inês (2016). As Guardiãs do Ventre e do Sagrado Feminino In Manual Guardiãs do Ventre e do Sagrado Feminino.
[2] Sagrado Feminino. Fonte: (2018) Gaya, Inês. Sabedoria Ancestral para Mulheres Contemporâneas In Manual Formação de Guardiãs de Círculos Feminos

[3] Círculos de Mulheres – São encontros em que mulheres se reúnem e partilham as suas dores, as suas feridas emocionais com um propósito comum: Se reconectar com a sua essência feminina resgatando o seu sagrado feminino e melhorando e curando as suas relações com todos e com tudo o que a rodeia.





Teresa Peral

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

A viagem das chamas gémeas

Mergulho no oceano das tuas emoções para tentar salvar-te. Amo-te. E mais do que ser levada por este sentimento arrebatador, quero levar-te comigo para onde quer que minha vida se precipite. 

Esqueci-me de mim antes de ti. Quero-te agora para além da mulher que sinto ser. Morro em parte quando não estás e desespero-me quando não te sinto colado à raiz da minha alma. 

imagem em www.prashantsolomon.com/

Levas-me em voos de ascensão rápida e depois dás-me a mão em quedas a pique. Já te disse que me assusto nas alturas mas também te confessei que a vertigem me seduz. 

Faço esforços para agarrar o leme da embarcação que nos transporta, desorientada. As estrelas confundem-se no céu e cada vez que lhes peço uma pista, nubla-se a bússola da minha intuição. 

Canto, solto, danço. Vivo nesta cadência de exorcismo diário, para despedir medos e rejeitar apegos. 

Ao mesmo tempo, quero-me longe da tua sombra… Dói ver que me reflito em ti, na mais escura e densa das prisões. 

Intelectualizo, busco explicações e quero forçosamente dar um sentido a tudo o que viveu através de nós. Quero arranjar-te, corrigir-te, dizer-te e mostrar-te todas essas peças que tens fora do lugar. Não sei como não vês. Para mim é tão claro. 

Tenho todas as esperanças num futuro de um passado tatuado na nossa carne e inscrito nos nossos ossos. 

Mergulho agora em mim e nas minhas emoções. Vejo no levantar do véu que foi por te amar tanto que aprendi a gostar de mim, a cuidar-me, a colocar as minhas peças no lugar. Como não as via? 

Sinto a pele em ruínas e os alicerces do interior do corpo a tomarem vagarosamente o seu espaço, desta vez, sólidos e flexíveis. Sou mais comigo, depois de ti. Já não critico a tua sombra porque sei que ela iluminou as entranhas minhas que rejeitava ver. 

A ferida deu lugar à crosta. Primeiro dura, cristalizada. Depois suave, numa nova pele, desenhada a lápis de cera colorida. 

Agora, olho-te nos olhos, mergulho na viagem da vertigem, abraço o teu coração tão ferido como o meu e abro espaço para sermos como somos. Agora, sei que te posso libertar e que não mais sentiremos raiva por não sermos ideais. Já não mais nos perguntaremos: - Porque não és como quero, se eu te quero tanto? 

Largamos as mãos, as pontas dos dedos desprendem-se. Tudo o que fica é um amor e um agradecimento reciproco, agora arrumado na caixa das memórias de sabor doce. 

Digo-te adeus. Reconcilio-me comigo. Reconecto e olho de novo para as estrelas. 

O mar acalmou e as ondas leves embalam-me. Fecho os olhos. Já posso falar com as estrelas outra vez.

Daniela Toscano
danielalourotoscano@gmail.com

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

AMIZADE, o que é?

Amizade é um valor que sustenta a relação afetiva entre os seres. É o sentimento que as pessoas têm de afeto, carinho, cumplicidade por outro ser, que possuem um sentimento de lealdade, de proteção. É o saber que se pode contar com o apoio, caso seja necessário. Pode existir entre pessoas e animais. É criar laços.

A amizade pode existir entre homens e mulheres, irmãos, namorados, maridos, parentes, pessoas e animais. É um relacionamento social voluntário de intimidade. Algumas bases do sentimento de amizade são a reciprocidade do afeto, ajuda mútua, compreensão e confiança, empatia emocional.
Por vezes acontece que um destes pressupostos falha, ou deixa de existir, causando a dissolução da amizade. Por isso algumas amizades terminam no tempo, ou de repente quando uma das suas bases é quebrada, por exemplo a confiança.
Este sentimento é muitas vezes a base para relacionamentos sólidos e duradouros entre pessoas. Existem amizades que duram anos, outras evoluem para outro sentimento, o Amor. 
Porém este sentimento é o que mais sustenta o ser humano nos seus momentos mais difíceis da vida, nos momentos de crise. É a amizade d@s amig@s que nos mantém à tona da onda, esse ombro, esse colo que nos permite Ser autêntic@s, nas nossas fragilidades.
Há pessoas que têm muitos amigos, outras têm poucos, isso não é importante.
O que realmente vale a pena é ter pelo menos um bom amigo, uma boa amiga, aquela pessoa que sabemos que estará lá, aconteça o que acontecer. Que celebra os nossos aniversários e vitórias, que viaja connosco, que nos acompanha nos momentos difíceis, com quem nos rimos à garagalhada e choramos, se for preciso.
Aquela pessoa para quem nós também estamos disponíveis para apoiar, celebrar, compreender, dar a mão e ABRAÇAR.E tu leitor(a) com Alma Corpo e Mente, tens algum/alguma amig@ do coração? 


Deixo-vos um video da Monja Coen sobre a amizade:
https://www.youtube.com/watch?v=OQ6rOA56-kE
Em AmorCom Alma Corpo e Mente

                                                                                                            Cristina Méga                                                                                                       Coach/Terapeuta
                                                                                                cristinamariamega@
gmail.com