“É assim que as coisas são.”: é o que muitas vezes pensamos, nomeadamente
quando estamos no papel de pais.
Hoje vamos falar de comportamentos, de configurações padrão, do poder da
linguagem na mudança de atitudes e do reenquadramento das situações – sobretudo
ao nível de contexto familiar, mas cujos princípios se podem aplicar em
qualquer contexto.
De onde vêm as nossas ideias sobre a melhor maneira de educar os nossos
filhos? Existe a maneira certa? Por
exemplo, podemos achar que é absurdo os pais que deixam as crianças subirem às
árvores, como na Alemanha é comum, tal como um pai alemão pode considerar um absurdo
as crianças portuguesas que frequentemente vão para a cama, no seu entender,
demasiado tarde.
Há uma série de crenças, comportamentos e normas enraízados em nós, mas...
e se algumas das nossas normas parentais estiverem erradas? O que faríamos se
descobrissemos que existem outras perspetivas, uma maneira melhor?
Ser-se pai/mãe exige uma enorme autoconsciência e muita resiliência. Como se ouve por vezes: Educação é Auto-educação.
É importante, se queremos ser melhores pais, observar as nossas configurações padrão e compreendê-las
para podermos reenquadrar, ver as coisas de uma maneira diferente.
As configurações padrão são as atitudes que temos quando estamos em modo
«automático», quando já não conseguimos pensar numa maneira melhor de fazer
algo. Normalmente, essas configurações padrão refletem o que aprendemos com os
nossos pais (como se fossem as «definições de fábrica») e é de extrema
importância começarmos a tomar consciência do seu impacto nos nossos filhos
e/ou educandos.
A linguagem, por exemplo, é um dos principais veículos das configurações
padrão. E cada vez mais nos apercebemos de como a linguagem é uma ferramenta poderosa.
É uma espécie de imagem através da qual descrevemos o mundo e, ao mesmo tempo,
nos descrevemos. Quando a linguagem é limitadora – e infelizmente é-o muitas
vezes – também projetamos comportamentos e reações. Mudando a linguagem,
mudamos o paradigma.
Uma das formas práticas em que podemos aplicar a mudança de linguagem é no
reenquadramento de uma situação.
Quando um filho nos chega com uma situação que o revolta ou entristece, podemos
pedir-lhe que nos conte e a partir daí ajudá-lo a «sair de si mesmo», por assim
dizer, para conseguir ver a situação de uma outra perspectiva (ou seja,
reenquadrar). Como?
- utilizarmos linguagem encorajadora, que o ajude a compreender as
suas emoções e ações (em vez de lhe dizer o que devia ou não devia estar a
sentir);
- usar o humor , de forma a desconstruir a situação (mas mantendo o
respeito pelos seus sentimentos, que são legítimos);
- encontrar o lado positivo dessa situação, a aprendizagem que lhe trouxe;
- praticar o reenquadramento enquanto pais, para nós próprios;
- distinguir a pessoa e os seus comportamentos. É completamente diferente
descrever o comportamento que alguém teve e rotulá-la.
A capacidade de reenquadrar é uma das características mais importantes
para a resiliência. Reenquadrar situações altera a química do nosso cérebro, e
o seu efeito é duradouro. Experimente começar hoje mesmo a fazê-lo J
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