Naquele dia apeteceu-te comprar um vestido cheio de cores, talvez por andares de alma tão cinzenta que precisasses de pintar o corpo com um arco-íris, talvez assim pudesses finalmente curar aquela ferida que há tanto vive na tua alma, velha, enrugada, cheia de teias mas que subsistia, até teres decidido pegar na vassoura que limpa as más recordações e apagá-la de vez
A traição, aquele tema que nos toca a
todos, todos já traímos e todos já fomos traídos, mas viver
aquela que achas que era a resposta de todas as tuas preces e
descobrires muitos, muitos anos depois que a única relação em
deste toda a cor do teu corpo e alma, foi aquela que cravejou os
mesmos de facas, machados e estacas invisíveis, que só conseguiste
ver com o espelho do tempo, comprovada finalmente pelas testemunhas que a vivenciaram ao mesmo tempo que tu (anos a fio).
Já não foi dor de um coração partido, é claro, mas certamente a mesma de quando arrancas um espinho da mão e depois sentes um alívio. Limpas as últimas e derradeiras lágrimas, dás um lenço à tua irmã de alma que viveu o mesmo que tu, pacificas-te e segues em frente.
Já não foi dor de um coração partido, é claro, mas certamente a mesma de quando arrancas um espinho da mão e depois sentes um alívio. Limpas as últimas e derradeiras lágrimas, dás um lenço à tua irmã de alma que viveu o mesmo que tu, pacificas-te e segues em frente.
Já não é a dor que te faz chorar,
muito menos a que te traz raiva, isso já lá ficou tão para trás
que mexer nela só te podia fazer sentir pior. A alma estava
sossegada, mas talvez precisasse, de uma vez por todas fechar a porta
de um processo onde várias vidas se cruzaram, almas pequenas e
grandes, cheias de sonhos e com tanto para contar e ainda para viver.
Além do vestido resolveste comprar um
verniz e um batom. O primeiro para pintar as unhas de vermelho, como
o sangue e a paixão que arranha e arranca, por vezes, pedaços de ti
que já não consegues recuperar, mas que se calhar também já não
faziam falta, afinal para que queres peles mortas e calos dolorosos?
Já o batom não, este era naquele rosa
da Primavera, que te lembra as buganvillas em flor, e que te dá
vontade de procurar e encontrar beijos, mas não de um Judas
imaginário, nem de um conquistador barato e sim daquela boca que
sabes que te vai fazer sorrir como gostas e sabes.
Os pés já os levas descalços,
deixaste de te importar de sujá-los com terra, porque preferes
sentir a relva verde ou a areia a rodear cada centímetro dos teus
dedos. Isso sim, é a tua essência, que te preenche de alegria, mesmo
quando o cinzento teima em ficar....sei bem que odeias cinzento, és
uma mulher de preto ou branco, e sei que nunca te esqueces de sorrir,
afinal nasceste com tanta beleza e dons que jamais os podes deixar
ficar no passado a lembrar de memórias que hoje não são nada, nada
e tu és muito mais do que podes imaginar.
Traição? Isso hoje já não te importa pois mesmo
que ela te tenha rodeado tu és fiel a quem
mais importa... TU.
Em Amor
Com Alma Corpo e Mente
Sofia Rijo
sofia.rijo@gmail.com
Perdoar, é sem dúvida uma prova de sabedoria perante nós próprios, uma cura.Bonito texto.
ResponderEliminarGrata pelas suas palavras Guilhermina <3
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