domingo, 12 de maio de 2019

És muito mais ...


Naquele dia apeteceu-te comprar um vestido cheio de cores, talvez por andares de alma tão cinzenta que precisasses de pintar o corpo com um arco-íris, talvez assim pudesses finalmente curar aquela ferida que há tanto vive na tua alma, velha, enrugada, cheia de teias mas que subsistia, até teres decidido pegar na vassoura que limpa as más recordações e apagá-la de vez


A traição, aquele tema que nos toca a todos, todos já traímos e todos já fomos traídos, mas viver aquela que achas que era a resposta de todas as tuas preces e descobrires muitos, muitos anos depois que a única relação em deste toda a cor do teu corpo e alma, foi aquela que cravejou os mesmos de facas, machados e estacas invisíveis, que só conseguiste ver com o espelho do tempo, comprovada finalmente pelas testemunhas que a vivenciaram ao mesmo tempo que tu (anos a fio). 

Já não foi dor de um coração partido, é claro, mas certamente a mesma de quando arrancas um espinho da mão e depois sentes um alívio. Limpas as últimas e derradeiras lágrimas, dás um lenço à tua irmã de alma que viveu o mesmo que tu, pacificas-te e segues em frente.

Já não é a dor que te faz chorar, muito menos a que te traz raiva, isso já lá ficou tão para trás que mexer nela só te podia fazer sentir pior. A alma estava sossegada, mas talvez precisasse, de uma vez por todas fechar a porta de um processo onde várias vidas se cruzaram, almas pequenas e grandes, cheias de sonhos e com tanto para contar e ainda para viver.

Além do vestido resolveste comprar um verniz e um batom. O primeiro para pintar as unhas de vermelho, como o sangue e a paixão que arranha e arranca, por vezes, pedaços de ti que já não consegues recuperar, mas que se calhar também já não faziam falta, afinal para que queres peles mortas e calos dolorosos?

Já o batom não, este era naquele rosa da Primavera, que te lembra as buganvillas em flor, e que te dá vontade de procurar e encontrar beijos, mas não de um Judas imaginário, nem de um conquistador barato e sim daquela boca que sabes que te vai fazer sorrir como gostas e sabes.

Os pés já os levas descalços, deixaste de te importar de sujá-los com terra, porque preferes sentir a relva verde ou a areia a rodear cada centímetro dos teus dedos. Isso sim, é a tua essência, que te preenche de alegria, mesmo quando o cinzento teima em ficar....sei bem que odeias cinzento, és uma mulher de preto ou branco, e sei que nunca te esqueces de sorrir, afinal nasceste com tanta beleza e dons que jamais os podes deixar ficar no passado a lembrar de memórias que hoje não são nada, nada e tu és muito mais do que podes imaginar.

Traição? Isso hoje já não te importa pois mesmo que ela te tenha rodeado tu és fiel a quem mais importa... TU.

Em Amor
Com Alma Corpo e Mente

Sofia Rijo
sofia.rijo@gmail.com

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