sexta-feira, 24 de maio de 2019

A Escravatura da Felicidade

Viver na "obrigação" de ser feliz tornou-se, atualmente, um lugar comum.

Pensa positivo. Vai tudo correr bem. Não sejas escravo das tuas emoções negativas.
E tantas outras frases que poderias recitar comigo, se seguíssemos por esse caminho vazio.

Se me perguntares se prefiro estar feliz ou sentir-me triste, é obvio que te respondo que é bem melhor sentir-me feliz, equilibrada e manter-me numa visão positiva e expandida da vida.
Já se a pergunta for: É esse o teu estado emocional habitual? 
A resposta é não.

Talvez as sensações pelas quais tenho passado mais vezes ultimamente sejam:
- stress
- cansaço
- algumas vezes, angústia
- outras, falta de foco.

E, na verdade, apesar de não permanecer nelas ad aeternum, todas me parecem adequadas e úteis (sempre e quando me mantenha capaz de as observar conscientemente e detenha a habilidade de as equilibrar com momentos alegres, serenos, entusiasmados e focados).


Quando o mundo à nossa volta nos impele a fugir de tais sensações ditas negativas, seja através do apelo ao consumo usando promessas de bem-estar, do estímulo a atitudes competitivas para o alcance de objetivos individuais ou oferecendo um sem fim de terapias milagrosas; podemos cair na ilusão de que o caminho para a felicidade se faz sempre recorrendo a elementos externos a nós. E, claro, somos livres de recorrer a cada uma das possibilidades que nos são oferecidas...

Ainda assim, a proposta que te deixo hoje é a seguinte:

Sempre que buscares alívio imediato para as tuas "dores de alma", pára um instante e observa-te em consciência, sentido cada emoção:

- Identifica-a no teu corpo.
- Mergulha na sensação que te provoca e vive-a, sem a quereres definir.
- Talvez a possas localizar em alguma parte específica do teu corpo ou mesmo observar que tem uma forma geométrica.
- Conecta com esse estado em profundidade, sem pressa e sem procurares respostas.


E, depois de teres feito este scan interno, poderás talvez colocar-te algumas questões e observar o que te dizes a ti mesmo(a) em resposta:

- Como definiria o que estou a sentir?
- Porque me quero afastar desta sensação?
- Qual a emoção ou sentimento que quero que me preencha em alternativa a este desconforto?
- Poderei dar um sentido ou significado a esta dor?
- O que posso aprender sobre mim enquanto me observo?

Oferece-te um espaço de silêncio de preferência num lugar onde possas estar em contacto com a Natureza (montanha, rio, bosque, praia, etc.) para te poderes sentir.
É quase sempre o silêncio - externo e interno - que nos oferece as orientações mais úteis.



Na obrigação de sermos felizes, corremos muitas vezes atrás de algo impossível, mantemo-nos em constante movimento para nos distrairmos, aceleramos a velocidade interna e esquecemo-nos de que existe dentro de nós uma voz sábia e cuidadora.

Dedica alguns minutos da tua semana ao silêncio (a semana tem 10.080 minutos!). 😊 
Permite-te sentir a luz e a sombra sem pressas ou apegos aceitando que a dualidade existe em ti através da alegria e da tristeza, do amor e do ódio, da serenidade e da ansiedade...
Tal como na Natureza existem o dia e a noite, o sol e a lua, o verão e o inverno que apenas vivemos, sem pedir à noite que se transforme em dia ou à lua que ocupe o lugar do sol.

Em Amor,
com Alma, Corpo e Mente!


Daniela Toscano
danielalourotoscano@gmail.com


NOTA: 
Se sentes estados emocionais que te causam desconforto com frequência, procura apoio de profissionais qualificados que te ajudem a sentir bem contigo, sem negar o lado sombrio que todos naturalmente vivenciamos.   



3 comentários:

  1. Amei Daniela estou no processo de aprendizagem a sentir e observar as emoções, na hora certa as tuas maravilhosas palavras �� beijo gigante ����

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  2. Maravilhoso feedback! Obrigada, Carina _/\_

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  3. Gostei muito do texto Daniela 😊
    Obrigada pela partilha 🙏🙏

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