sábado, 18 de maio de 2019

Clã das Cicatrizes


“Há oceanos de lágrimas que as mulheres nunca choraram porque foram educadas a carregar para a sepultura os segredos da mãe, do pai, dos homens, da sociedade, e até os seus próprios (p.439)”.

Esta frase é de Clarissa Pinkola Estés e podemos encontra-la no capítulo Marcas de Batalha: Pertencer ao Clã das Cicatrizes, do livro “Mulheres que Correm com os Lobos”. Este é um livro de histórias de mulheres onde é revelada a força poderosa no interior de cada uma.
Este capítulo, em específico fala-nos de lágrimas não choradas e de histórias pessoais de mulheres que guardam segredos associados à vergonha.
Muitas mulheres guardam segredos uma vida inteira, segredos relacionados com a liberdade feminina, com a transgressão de regras de conduta sociais, morais, religião, etc, afastando-a da sua natureza instintiva.
A mulher que vive segundo a sua natureza instintiva é uma mulher mais livre e alegre comparativamente com a mulher que carrega consigo um universo de histórias secretas que giram em torno de situações de vergonha.  


Em última análise esta mulher vive com receio de ser considerada indesejável, privada de direitos, ser alvo de violência ou sofrer corte de relações.
Muitas de nós acabamos por colocar estes “pequenos segredos” para debaixo do tapete, fingindo que não estão lá e que poderão dissolver-se no tempo…mas, não acontece…a fatura surge um dia e pode manifestar-se sobe a forma de uma doença física, mental ou outra coisa.

No decorrer da sua prática clínica de cerca de 20 anos, a Dr.ª Clarissa Estés conheceu muitas “histórias secretas” e algumas delas relacionadas com temas como:

·         Traição
·         Amor proibido
·         Amor não correspondido
·         Desejos
·         Anseios reprováveis,
·         Gravidezes não planeadas
·         Interesses sexuais e estilos de vida pouco recomendáveis
·         Ciúmes
·         Rejeição
·         Promessas quebradas
·         Maus-tratos
·         Negligência
·         Abusos sexuais
·         ….
·         Entre outros

Ao manter estes segredos só para si, a mulher perde a ligação consigo mesma e perde a oportunidade de transformar a tragédia num drama heroico. A mulher que escolhe confessar o(s) seu(s) segredo(s), por outro lado, adquire a oportunidade de aprender, de compreender o papel que teve nesta “tragédia” e tomar consciência das qualidades que a ajudaram a resistir.
Naturalmente que este processo de aprendizagem vem sempre acompanhado de dor e sensatez….tocar na ferida, tocar na cicatriz, dói…dói muito mas, uma vez superado o processo, o espirito selvagem vence e a mulher poderá ser livre das próprias amarras que criou dentro de si.
Guardares segredos poderá afastar-te de quem te poderá oferecer amor, segurança, proteção. Não tens de carregar o fardo da dor e do medo sozinha.
Segundo a mesma autora “Onde há um segredo relacionado com a vergonha, há sempre uma zona morta na psique da mulher (p.443)”.

E tu? Que segredos manténs contigo? Valerá a pena partilha-lhos e trazeres mais leveza à vida?


 Estés, C. (2016). Mulheres que Correm com os Lobos - 2ª ed. Barcarena: Marcador editora

Em Amor…
Alma, Corpo e Mente…

Teresa Peral


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