“Há oceanos de lágrimas que as
mulheres nunca choraram porque foram educadas a carregar para a sepultura os
segredos da mãe, do pai, dos homens, da sociedade, e até os seus próprios (p.439)”.
Esta frase é de Clarissa Pinkola Estés
e podemos encontra-la no capítulo Marcas de Batalha: Pertencer ao Clã das
Cicatrizes, do livro “Mulheres que Correm com os Lobos”. Este é um livro de
histórias de mulheres onde é revelada a força poderosa no interior de cada
uma.
Este capítulo, em específico fala-nos de lágrimas não
choradas e de histórias pessoais de mulheres que guardam segredos associados à
vergonha.
Muitas mulheres guardam segredos uma
vida inteira, segredos relacionados com a liberdade feminina, com a
transgressão de regras de conduta sociais, morais, religião, etc, afastando-a
da sua natureza instintiva.
A mulher que vive segundo a sua
natureza instintiva é uma mulher mais livre e alegre comparativamente com a
mulher que carrega consigo um universo de histórias secretas que giram em torno
de situações de vergonha.
Em última análise esta mulher vive com
receio de ser considerada indesejável, privada de direitos, ser alvo de
violência ou sofrer corte de relações.
Muitas de nós acabamos por colocar
estes “pequenos segredos” para debaixo do tapete, fingindo que não estão lá e
que poderão dissolver-se no tempo…mas, não acontece…a fatura surge um dia e pode
manifestar-se sobe a forma de uma doença física, mental ou outra coisa.
No decorrer da sua prática clínica de
cerca de 20 anos, a Dr.ª Clarissa Estés conheceu muitas “histórias secretas” e
algumas delas relacionadas com temas como:
·
Traição
·
Amor
proibido
·
Amor
não correspondido
·
Desejos
·
Anseios
reprováveis,
·
Gravidezes
não planeadas
·
Interesses
sexuais e estilos de vida pouco recomendáveis
·
Ciúmes
·
Rejeição
·
Promessas
quebradas
·
Maus-tratos
·
Negligência
·
Abusos
sexuais
·
….
·
Entre
outros
Ao manter estes segredos só para si, a
mulher perde a ligação consigo mesma e perde a oportunidade de transformar a
tragédia num drama heroico. A mulher que escolhe confessar o(s) seu(s)
segredo(s), por outro lado, adquire a oportunidade de aprender, de compreender o
papel que teve nesta “tragédia” e tomar consciência das qualidades que a
ajudaram a resistir.
Naturalmente que este processo de
aprendizagem vem sempre acompanhado de dor e sensatez….tocar na ferida, tocar na
cicatriz, dói…dói muito mas, uma vez superado o processo, o espirito selvagem
vence e a mulher poderá ser livre das próprias amarras que criou dentro de si.
Guardares segredos poderá afastar-te
de quem te poderá oferecer amor, segurança, proteção. Não tens de carregar o
fardo da dor e do medo sozinha.
Segundo a mesma autora “Onde há um
segredo relacionado com a vergonha, há sempre uma zona morta na psique da
mulher (p.443)”.
E tu? Que segredos manténs contigo?
Valerá a pena partilha-lhos e trazeres mais leveza à vida?
Em Amor…
Alma, Corpo e Mente…
Teresa Peral
Sem comentários:
Enviar um comentário