domingo, 1 de março de 2020

5 cadeiras, 5 escolhas


O nosso sentido de felicidade e realização passa essencialmente pelas relações que estabelecemos com os outros, momento a momento. As nossas ações e comportamentos afetam tudo o que fazemos: a maneira como vivemos, as nossas relações familiares e com os nossos parceiros/as, o nosso trabalho, o nosso estilo de liderança. Qual é o impacto que poderá ter, em nós e nos outros, tomarmos consciência dos nossos comportamentos?   


 



Louise Evans, coach comportamental que atua no contexto empresarial, criou um modelo (e escreveu um livro homónimo) chamado 5 cadeiras, 5 escolhas”. Este baseia-se na Comunicação Não-Violenta, de Marshall Rosenberg, e tem como ideia trazer-nos consciência, aos poucos, das nossas próprias reações/atitudes e, a partir daí, produzir uma mudança de comportamento.
Em contexto de empresa, esta abordagem permite ajudar os membros a modelar os seus comportamentos, sejam os líderes ou os colaboradores. No entanto, a reflexão é válida para qualquer esfera das nossas vidas.

O conceito

Existem 5 cadeiras, cada uma de uma cor e com um animal associado. Por sua vez, pela sua natureza, este animal simboliza um determinado comportamento.
Ao refletirmos sobre situações que ocorram, podemos identificar a cadeira que melhor representa a reação que tivemos ou costumamos ter. Assim, tomamos noção dos nossos comportamentos e, a partir daí, temos a possibilidade de trocar de lugar e modelar o nosso comportamento.
Trocar de lugar é um ato de coragem, mas também é a grande oportunidade de evoluirmos. Aprendemos a controlar os nossos impulsos, a ser donos das nossas ações e comportamentos e, finalmente, a crescer e ter melhores relações com os outros (e connosco mesmos, claro).

Cadeira vermelha – o chacal


O chacal é um animal inteligente e oportunista, que aguarda o momento para atacar. Esta cadeira está, portanto, associada ao ataque, ao impulso.
Aqui temos pouca tolerância e uma forte tendência para julgar, criticar, descriminar, culpar. Ou seja, o mote é: “eu estou certo, tu estás errado”. É uma cadeira onde muitos de nós se senta com frequência.
E qual é o resultado? Há mais conflitos, há maior propensão a atritos e agressões. Em ambiente de trabalho, traduz-se num desempenho menor por parte dos colaboradores, que estão insatisfeitos, e maior tensão entre os departamentos, que tendem a discutir entre si (afinal, a culpa é sempre dos outros, não nossa).

Cadeira amarela – o ouriço


O ouriço, com medo, enrola-se sobre si mesmo para se proteger. Achamos que não somos capazes, que não acreditam em nós e que não somos amados. Além disso, temos medo da rejeição, medo de falhar.
Ao passo que na primeira cadeira direcionamos o julgamento para os outros, nesta cadeira direcionamo-lo para nós próprios.  

Cadeira verde – a suricata


As suricatas, como sabemos, são as sentinelas de serviço. Observam de forma diligente e atenta. Temos interesse em perceber o que nos rodeia. Aguardamos, perscrutamos. Enquanto isso, questionamo-nos sobre o que estamos a pensar. Por exemplo, se estivermos perante alguém zangado, interessamo-nos por saber o motivo, em vez de partirmos para o julgamento.
Outra coisa muito importante é que aqui existe uma escolha: “vou por aqui ou por ali?”. Se tudo correr bem, seguimos o caminho certo e seremos felizes.

Cadeira azul – o golfinho


O golfinho é dos animais mais inteligentes que conhecemos e também dos mais sociais. Têm uma forte capacidade de comunicar e interagir com o outro, numa atitude alegre e de brincadeira. Em bom português: tem «jogo de cintura».
Nesta cadeira, cuja atitude é a de detective, analisamos-nos à lupa e temos consciência de nós e do outro, criamos os nossos limites (que preservamos de forma assertiva, mas empática) e sabemos para onde vamos. Por isso, é uma cadeira onde não abrimos mão do nosso poder.

Cadeira roxa – a girafa


Esta é “A cadeira”. A que convida à ligação aos outros, ao espírito comunitário, à tolerância e à segurança do todo.

A girafa, para além de ter o maior pescoço entre todos os animais terrestres, tem também o maior coração. Portanto, a girafa tem um campo de visão enorme, ao mesmo tempo que é um animal empático.
Em termos de atitude, traduz-se numa postura de compreensão, de ouvir o outro, de colocar o ego de parte em prol do bem-estar do grupo.

Conclusão

Como é que o modelo das 5 cadeiras se aplica à vida diária?
As nossas atitudes e comportamentos criam a atmosfera de nossos locais de trabalho, o ambiente em nossa casa e a cultura da nossa sociedade em geral. Especialmente quando as coisas não nos correm pelo melhor, nós revelamos o nosso carácter através das nossas reacções.
Portanto, o nosso grande desafio é entender como encontrar o equilíbrio entre sentar numa cadeira ou noutra. Talvez quando nos sentamos na cadeira vermelha a vida se torne mais difícil, ao passo que quando nos sentamos na cadeira roxa sabemos quem somos, e temos mais compaixão pelos outros, o que se traduz numa interacção mais harmoniosa e uma vida mais feliz. E claro, maior sucesso.


Em Amor,
Com Alma, Corpo e Mente

                           
                                                                                                 Marta Peral Ribeiro
martaperalribeiro@gmail.com

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