Aprendi que as características pessoais não servem de
critério para definir a identidade de cada um(a). Quero com isto dizer que hoje
já não digo que SOU competitiva e
prefiro dizer: - Sinto-me
competitiva, em determinados momentos.
No âmbito do Ser, acredito que sou outras coisas: ser humano, mulher, filha, neta, prima, amiga, etc.
mas não sou ambiciosa, nostálgica,
alegre ou outro estado ou condição temporários que me possam assistir.
Quanto à competitividade, o tema deste post, dei-me conta de
que não é uma característica pessoal definitiva. Ela pode ser ajustada à medida
que nos desenvolvemos e moldada à forma como preferimos encarar a vida e as
situações.
Percebi que a competitividade me afecta mais de maneira
negativa do que positiva. É uma habilidade que já me serviu de impulso no passado,
ajudou-me a chegar mais longe, a fazer várias coisas com mais qualidade e,
sobretudo, a receber reconhecimento vindo dos outros. Porque, afinal, vivemos
numa sociedade competitiva e pessoas que competem valorizam isso nas outras.
Ainda assim, dei-me conta de que cada vez que embarcava num
desafio, movida pela vontade de competir, de ter mais e fazer melhor, tinha
sempre por base outro processo: a
comparação. Faço melhor, trabalho de forma mais eficiente, viajo por mais
países… em rivalização com outra(s) pessoa(s). Também usava a comparação comigo
mesma, com quem acreditava que fui no dia ou no ano anterior ou até mesmo
noutra época da minha vida.
Tomei consciência de que a competitividade me levou várias
vezes a estados de insatisfação e frustração. Na base de um comportamento que
me movia face aos meus objectivos, estava esta necessidade oculta de “precisar
de ser melhor”. Estava presente tanto em objectivos grandes como também em coisas simples, triviais e do dia-a-dia.
Garanto-vos que é um processo cansativo porque acredito que
nunca se chega a ser melhor do que ninguém, nem mesmo melhor que nós mesmos.
Somos o que somos e temos o que temos em cada momento. E isso é o que está bem.
É o que está no seu lugar e o que nos pode dar a paz de viver no presente,
satisfeitos com a forma como nos vemos no único momento que existe: o agora.
Quando “sinto que preciso ser melhor que…” estou a enviar-me
a mensagem de que não valho, não tenho ou de que não estou a alcançar algo. Foco-me num estado de ausência e
de vazio e, claro, isso conduz-me a estados de frustração e desilusão.
Assim, procuro encontrar formas mais criativas e harmoniosas
para transcender esta necessidade que alimentei durante tanto tempo (e que
possivelmente vai necessitar de atenção durante toda a minha vida).
·
Cuido da
forma como penso e como falo comigo
Evito pensamentos de comparação.
Reconheço as qualidades das outras pessoas e procuro enaltece-las, fazendo o
mesmo com as minhas. Busco adaptar-me e render-me a uma forma de pensar que
sinto que me traz mais paz, segurança e auto-estima.
·
Altero o
foco para a valorização, gratidão e satisfação
Esta é a famosa opção de ver o
copo meio cheio. Valorizo e aceito as características que tenho e o percurso
que fiz. Não de forma comparativa mas tomando consciência de que em cada
momento fiz o melhor que podia com os recursos (externos e internos) que tinha
ao meu alcance. Agradeço cada dia e cada acontecimento procurando integrá-los
como bênçãos por aquilo que são, não focando o que está em falta ou que ainda
está por vir.
·
Entendo
que competir não é inevitável
A Era e o modelo social em que crescemos e vivemos ensinou-nos que
somos regidos pela lei do mais forte, criando-nos a necessidade de conquistar
uma posição elevada ou poder sobre algo.
Defendo que este não é o único
modelo funcional. Acredito num posicionamento social sem hierarquias e em
formas de organização colaborativas. Já existem comunidades e grupos que se
gerem com base nestes modelos. Então porque não buscar mais conhecimento e
proximidade relativamente a eles e começar a ocupar o nosso lugar no seio deste
paradigma?
·
Fazer e
querer atingir projectos e objectivos por amor aos que decidimos empreender
Podes chegar a questionar:
- Se tudo está bem como está e
agora não quero competir mais, vou deixar-me estar e ver a vida passar. É isso?
Do meu ponto de vista (que não é
nem pretende defender uma verdade única) o objectivo não passa por deixar de
fazer ou desafiar-se a chegar a outros lugares. A base desta questão tem mais
que ver com a razão pela qual fazemos cada coisa. Abraçar cada desafio por amor
a essa arte ou forma de estar é diferente de querer fazer para sentir-se melhor
do que os outros. Fazer para mostrar que
se faz, buscando reconhecimento. Então, faço algo simplesmente porque me nutre
e alimenta e isso, em si, é a fonte da satisfação pessoal.
·
Colaborar
e unir esforços (unir é melhor do que separar num mundo que quer que nos
vejamos separados)
Novamente focando o modelo social
actual, vemos que a competitividade nos conduz a uma necessidade de
individualização, de separação dos outros e de desconexão de uma energia universal
que nos une, fortalece e afecta a todos. Somos todos UM. Podemos
identificar-nos mais ou menos com outras pessoas e gerir o nosso círculo de
amizades e interacções da forma que for mais fluida para nós mas é importante
vivermos em consciência de que todos estamos conectados e nos influenciamos
energeticamente. Não há separação. À medida que me aceito e transformo,
construindo um caminho de paz, estou a enviar essa energia aos que me rodeiam e
para o mundo. Quando consigo encontrar o meu lugar nessa forma de estar, mais
facilmente me aproximo de pessoas que querem praticar os mesmos valores. Vão-se
construído círculos que se apoiam e vivem esta energia em comunhão. Nem sempre,
num mundo tecnológico, estas pessoas estão fisicamente ao nosso lado, no entanto
construímos juntos uma rede que se expande. À medida que essa expansão
acontece, deixam de fazer sentido as lutas pelo poder e a necessidade de nos
individualizarmos ou defendermos
tanto. Há mais comunhão e amor partilhados, havendo cada vez menos espaço para
o medo e a separação.
Daniela
Toscano
danielalourotoscano@gmail.com
Sem comentários:
Enviar um comentário