Mergulho no oceano das tuas emoções para tentar salvar-te. Amo-te. E mais do que ser levada por este sentimento arrebatador, quero levar-te comigo para onde quer que minha vida se precipite.
Esqueci-me de mim antes de ti. Quero-te agora para além da mulher que sinto ser. Morro em parte quando não estás e desespero-me quando não te sinto colado à raiz da minha alma.
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Levas-me em voos de ascensão rápida e depois dás-me a mão em quedas a pique. Já te disse que me assusto nas alturas mas também te confessei que a vertigem me seduz.
Faço esforços para agarrar o leme da embarcação que nos transporta, desorientada. As estrelas confundem-se no céu e cada vez que lhes peço uma pista, nubla-se a bússola da minha intuição.
Canto, solto, danço. Vivo nesta cadência de exorcismo diário, para despedir medos e rejeitar apegos.
Ao mesmo tempo, quero-me longe da tua sombra… Dói ver que me reflito em ti, na mais escura e densa das prisões.
Intelectualizo, busco explicações e quero forçosamente dar um sentido a tudo o que viveu através de nós. Quero arranjar-te, corrigir-te, dizer-te e mostrar-te todas essas peças que tens fora do lugar. Não sei como não vês. Para mim é tão claro.
Tenho todas as esperanças num futuro de um passado tatuado na nossa carne e inscrito nos nossos ossos.
Mergulho agora em mim e nas minhas emoções. Vejo no levantar do véu que foi por te amar tanto que aprendi a gostar de mim, a cuidar-me, a colocar as minhas peças no lugar. Como não as via?
Sinto a pele em ruínas e os alicerces do interior do corpo a tomarem vagarosamente o seu espaço, desta vez, sólidos e flexíveis. Sou mais comigo, depois de ti. Já não critico a tua sombra porque sei que ela iluminou as entranhas minhas que rejeitava ver.
A ferida deu lugar à crosta. Primeiro dura, cristalizada. Depois suave, numa nova pele, desenhada a lápis de cera colorida.
Agora, olho-te nos olhos, mergulho na viagem da vertigem, abraço o teu coração tão ferido como o meu e abro espaço para sermos como somos. Agora, sei que te posso libertar e que não mais sentiremos raiva por não sermos ideais. Já não mais nos perguntaremos: - Porque não és como quero, se eu te quero tanto?
Largamos as mãos, as pontas dos dedos desprendem-se. Tudo o que fica é um amor e um agradecimento reciproco, agora arrumado na caixa das memórias de sabor doce.
Digo-te adeus. Reconcilio-me comigo. Reconecto e olho de novo para as estrelas.
O mar acalmou e as ondas leves embalam-me. Fecho os olhos. Já posso falar com as estrelas outra vez.
Daniela Toscano
danielalourotoscano@gmail.com
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