quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Os orgasmos não se fingem

Cada mulher tem direito a uma sexualidade prazerosa mas o que é certo é que muitas não a vivem dessa forma.

O coletivo feminino tem herdado, ao longo do tempo, uma carga pesada e exigente sobre o comportamento adequado das mulheres em sociedade.

Aos poucos foi-nos sendo retirado o poder pessoal, a nossa habilidade para nos conectarmos com o nosso centro e houve necessidade de ocultar e esconder o lado selvagem das mulheres.

Aprendemos a mascarar a ciclicidade e os fluídos (menstruação, amamentação, etc...) femininos como se não fossem normais ou pudessem ser aceites com naturalidade.

imagem www.eusemfronteiras.com.br

Às mulheres tem cabido o papel secundário de servir os homens, não tendo habitualmente destaque na História bélica do patriarcado. Mas elas, as mulheres, sempre estiveram na sustentação da vida privada e no papel determinante de dar continuidade e educação à sociedade. As mulheres são e serão sempre o berço sagrado do universo.

Aprendemos a ser castas e a doar-nos. E, as que quisemos chegar a lugares onde só podiam estar os homens, tivemos que quase sempre seguir modelos masculinos (diferentes da nossa essência) para nos destacarmos e sermos reconhecidas. E ainda que conseguíssemos chegar a esses lugares com excelência, muitos rótulos depreciativos nos foram sendo inscritos na pele e na História.

As mulheres não são melhores nem piores que os homens. Aliás, mulheres e homens têm sido vitimas da vivência de um poder masculino distorcido e dessacralizado, que impôs os mais fortes sobre os mais frágeis, que coloca as necessidades individuais à frente das do coletivo e que aniquilou a expressão das emoções que nos humanizam.

Criaram-se convenções sobre "como devemos ser e como temos de nos comportar" que nos afastam do que realmente somos. Fomos sendo desviados(as) do caminho que nos conduz às virtudes da alma e à conexão com a nossa essência.

A sexualidade é talvez um dos campos energéticos mais afetados por estas convenções e imposições. 
Sendo um tema tabu e endemoniado, é fonte de muitas distorções e fortemente polarizado numa indústria que valoriza o físico e a performance.

A partir daí, quantas vezes mergulhámos nas frustrações de não nos sentirmos plenos(as) ou de vivermos em constante superficialidade as relações sexuais?

Serão muitas (pessoais e legítimas) as razões que levam as mulheres a fingir orgasmos... 
Talvez sejam as mesmas razões que estão por detrás de tantos comportamentos que, mulheres e homens, fingem ter para serem aceites, doar o que é suposto e se sentirem valorizados pelos demais.

Importa que "os orgasmos não se finjam", assim como importa não fingir mais aquilo que não somos. Estamos, enquanto sociedade, frente ao desafio de nos voltarmos a conectar, fazendo este caminho de regresso ao centro e de resgate do poder pessoal. Mas este poder não é o que se impõe ou usa para manipular os outros. 

O poder pessoal está ao serviço das necessidades pessoais e também das necessidades do coletivo e é desde esse lugar, que podemos criar espaços de vulnerabilidade e conexão que nos devolvem à humanidade e à essência.

imagem https://myemail.constantcontact.com

É desde esse lugar...
que nos reconhecemos quando nos olhamos profundamente e nos emocionamos,
que existe segurança para nos mostrarmos como somos e sermos aceites em verdade,
e é, desde esse lugar também, que começamos a viver a sexualidade sagrada que invoca a ausência de fronteiras e a conexão com a energia universal.

É nesse lugar, onde não se finge, que existe espaço para nos partilharmos sem julgamento e onde podemos, em verdade e sem reservas, entregar-nos ao prazer de estar VIVOS(AS)!

Em Amor,
com Alma, Corpo e Mente.

Daniela Toscano
danielalourotoscano@gmail.com

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